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Ministração 9: Jó e a inescrutável Sabedoria de Deus

 
TEXTO CENTRAL
 
“Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartarse do mal é a inteligência” (Jó 28.28).
 
VERDADE CENTRAL
 
A verdadeira sabedoria está associada ao temor do Senhor e não ao mero acúmulo de conhecimento.
 
LEITURA BÍBLICA
 
Jó 28.1-28.
 
1    — Na verdade, há veios de onde se extrai a prata, e, para o ouro, lugar em que o derretem.
2    — O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o metal.
3    — O homem pôs fim às trevas e até à extremidade ele esquadrinha, procurando as pedras na escuridão e na sombra da morte.
4    — Trasborda o ribeiro até ao que junto dele habita, de maneira que se não pode passar a pé; então, intervém o homem, e as águas se vão.
5    — A terra, de onde procede o pão, embaixo é revolvida como por fogo.
6    — As suas pedras são o lugar da safira e têm pós de ouro.
7    — Essa vereda, a ignora a ave de rapina, e não a viram os olhos da gralha.
8    — Nunca a pisaram filhos de animais altivos, nem o feroz leão passou por ela.
9    — Ele estende a sua mão contra o rochedo, e revolve os montes desde as suas raízes.
10    — Dos rochedos faz sair rios, e o seu olho descobre todas as coisas preciosas.
11    — Os rios tapa, e nem uma gota sai deles, e tira para a luz o que estava escondido.
12    — Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência?
13    — O homem não lhe conhece o valor; não se acha na terra dos viventes.
14    — O abismo diz: Não está em mim; e o mar diz: Ela não está comigo.
15    — Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela.
16    — Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira.
17    — Com ela se não pode comparar o ouro ou o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino.
18    — Ela faz esquecer o coral e as pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis.
19    — Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro.
20    — De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?
21    — Porque está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu.
22    — A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.
23    — Deus entende o seu caminho, e ele sabe o seu lugar.
24    — Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.
25    — Quando deu peso ao vento e tomou a medida das águas;
26    — quando prescreveu uma lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões,
27    — então, a viu e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou.
28    — Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.
 
OBJETIVO GERAL
 
Mostrar que a verdadeira sabedoria consiste no temor do Senhor.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
   
•    I. Expor que todos os esforços humanos são inúteis para a aquisição da sabedoria divina;
•    II. Destacar que a sabedoria tem seu preço, e que excede todos os bens materiais existentes;
•    III. Revelar que o verdadeiro valor da sabedoria é de natureza espiritual.
 
INTRODUÇÃO
 
Nesta lição veremos uma das mais belas exposições bíblicas sobre a sabedoria. O capítulo 28 foi propositadamente colocado pelo autor para delimitar o fim dos longos discursos dos amigos do homem de Uz. O seu propósito é contrastar a sabedoria meramente humana com a sabedoria revelada, que é de origem divina. Assim, temos o objetivo de declarar que somente Deus é a fonte da verdadeira sabedoria. Essa divina sabedoria se manifesta na vida dos homens de forma prática através do temor do Senhor.
 
PONTO CENTRAL
 
O temor do Senhor é o fundamento da verdadeira sabedoria.
 
I. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM NATURAL
 
1.    O empenho na busca da sabedoria. Neste capítulo (28) Jó faz um contraste entre a busca do homem por minérios naturais e a sabedoria. Primeiramente, o patriarca descreve a habilidade do homem na exploração dos minérios naturais (vv.1-11). Então, ele contrasta o trabalho nas minas com a busca do homem pela sabedoria. Da mesma forma que desde os primórdios o homem usa diligentemente a tecnologia na busca de metais preciosos, assim também ele tem empreendido um grande esforço para encontrar a sabedoria. Para ser encontrado, primeiramente, o minério precisa ser garimpado; a sabedoria igualmente. O minério existe, mas está enterrado; a sabedoria existe, mas está oculta.
2.    Como quem explora o minério, assim o homem faz com a sabedoria. No trabalho de mineração requer-se habilidade, diligência, persistência e muita técnica na execução; a busca da sabedoria também demanda tais características. As minas geralmente são locais de difícil acesso e de pouca iluminação, por isso, há a necessidade de se abrir caminho e colocar luz artificial (vv.3,4). Assim também ocorre no empreendimento do homem pela busca pela sabedoria, mas apesar de todo o esforço nessa procura, Jó crê que isso tem sido feito sem sucesso.
3.    De onde vem a sabedoria? Jó demonstra que o homem tem sido exitoso no seu trabalho junto às minas, todavia, incapacitado na “escavação da sabedoria”. Tem procurado, mas não tem encontrado. O homem descrito por Jó é capaz de desviar o curso das águas, a fim de evitar a inundação das minas (v.12), mas não é capaz encontrar a sabedoria. A sabedoria dos sábios e da academia estava disponível para ser alcançada. Todavia, a sabedoria retratada por Jó não era fruto da tradição nem podia ser obtida pelo método acadêmico. Embora os metais preciosos pudessem ser encontrados na terra escavada, a verdadeira sabedoria não podia ser obtida pelo simples esforço humano. Isso justificava o conflito que havia entre a teoria teológica dos amigos de Jó e a vivência concreta do patriarca. Portanto, a verdadeira sabedoria não era propriedade dos sábios, mas uma dádiva de Deus. Tiago nos lembra de que “se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” (1.5).
 
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Jó descreve o contraste entre a busca do homem por minérios naturais e a sabedoria.
 
   
II. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM COMERCIAL
 
1.    O preço da sabedoria. Podemos ver um paralelo entre a sabedoria exposta por Jó neste capítulo (vv.12-19) com a descrita no livro de Provérbios. Esse livro, por exemplo, contém várias exortações para se adquirir a sabedoria. Todavia, há uma diferença entre o que Jó ensina e o que Salomão ensinou sobre a sabedoria em Provérbios. Em Salomão, a sabedoria tem um custo e pode ser encontrada, se buscada com diligência e entendimento. Ela tem seu preço e pode ser passada de pai para filho (Pv 4.5,7,23). Por outro lado, para Jó a sabedoria está em outro patamar. Ela tem valor, mas não preço. Como bem destacam estudiosos, a sabedoria em Jó é incomparável, não se pode comprar ou trocar com todos os outros tesouros. É patrimônio exclusivo de Deus; não é possessão dos mestres, por isso, não pode ser transmitida (cf. Tg 1.5).
2.    O valor da sabedoria. Sobre o valor da sabedoria vale a pena recordar o que disse certo pregador londrino: “A sabedoria é o uso correto do conhecimento. Conhecer não é ser sábio. Muitos homens têm extensos conhecimentos e, justamente por isso, são os mais tolos. Não há tolo maior do que o tolo instruído. Mas saber como usar o conhecimento é ter sabedoria”. Assim, em Jó, vemos que o homem ainda não aprendeu o verdadeiro preço da sabedoria nem onde encontrá-la (Jó 28.13) e que, por isso, acredita ser fácil adquiri-la.
3.    A sabedoria não é um bem comercial. O patriarca não nega que a sabedoria exista ou que ela pode ser encontrada, mas o que ele diz é que a sabedoria não é um bem comercial. Ela não pode ser encontrada em toda parte, nem mesmo nas mais poderosas forças da natureza primitiva — o abismo (hb. tehon ) e o mar (hb. yam ). A sabedoria é de valor inestimável e só quem pode concedê-la é Deus.
 
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
A sabedoria não tem preço, mas tem um valor que remonta ao temor do Senhor.
 
 
III. A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM ESPIRITUAL
1.    Uma verdade revelada. No versículo 20, Jó faz a importante pergunta: “De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência?”.
Anteriormente, Jó fez um contraste entre o trabalho de um minerador e o de quem procura a sabedoria. Nele, os homens, semelhantes a um mineiro, têm garimpado à procura da sabedoria, mas, mesmo assim, não têm achado. Toda diligência, técnica e determinação não têm sido suficientes para que ele a encontre. A sabedoria não está no centro da terra, nem com os sábios, de forma que possa ser passada pela simples via da tradição. Ela está oculta. Todos os esforços humanos revelam-se inúteis na sua aquisição. A sabedoria está em Deus e somente Ele pode outorgá-la. Deus é a fonte da sabedoria e somente Ele pode revelá-la.
2.    Uma verdade prática. A sabedoria vem de Deus. Ela está em Deus e é Ele quem a revela. A sabedoria divina não é uma verdade a ser apenas contemplada, mas a ser vivida. Ela é prática. Jó diz que a sabedoria está no “temor do Senhor” (Jó 28.28). O temor do Senhor aproxima o homem de Deus e o afasta do mal. A sabedoria, portanto, é relacional. Esse foi um testemunho que o próprio Deus já havia dado sobre Jó. Ao contrário de seus amigos, ele vivia a sabedoria divina. Não apenas a sabedoria contemplativa, tradicional, transmitida pela tradição. A sua sabedoria era uma verdade revelada, por isso, convertia-se em ação prática e relacionamento duradouro.
 
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
A sabedoria é uma verdade revelada e tem implicações práticas.
 
   
CONCLUSÃO
 
Vimos que mesmo com empenho na busca da sabedoria, os resultados não são satisfatórios. A sabedoria não é alcançada. A sabedoria é um bem valioso e caro; ela não tem apenas preço, mas, sobretudo, valor. Ela não pode ser comprada ou comercializada, nem mesmo pode ser herdada. Ela é uma verdade revelada. Somente Deus é a fonte legítima da sabedoria. Ela se materializa no temor do Senhor. Quem teme ao Senhor é um sábio.