TEXTO CENTRAL
“Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.” (Ef
5.32).
PRÁTICA PARA A VIDA
A Noiva de Cristo não pode ser mundana, pois
ela é a
guardiã da verdade revelada e suas vestes devem se manter
imaculadas para as Bodas do Cordeiro.
LEITURA BÍBLICA
1 Timóteo 3.14-16; Efésios 5.25-27,32.
1 Timóteo 3
14 — Escrevo-te
estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa,
15 — mas,
se tardar, para que saibas como convém
andar na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 — E,
sem dúvida alguma, grande é o mistério
da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito,
visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.
Efésios 5
25 — Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou
por ela,
26 — para
a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
27 — para
a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível.
32 — Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.
INTRODUÇÃO
Os efeitos do mundanismo são percebidos quando
a Igreja deixa de ser pautada pelos valores da fé cristã (2Tm
3.1-5). Infelizmente, ela não está
imune a influências
nocivas da sociedade (2Pe 2.1). Nesta oportunidade, vamos abordar a natureza da
igreja, seu relacionamento com Cristo e as armas que impedem a mundanização da
Igreja local. A proposta é chamar
a atenção para o papel da Igreja do Deus vivo, como coluna e firmeza da verdade
(1Tm 3.15).
I. A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO
1. A casa do Deus vivo. Paulo orienta Timóteo a como “andar
na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo” (1Tm 3.15a). A expressão “casa
de Deus” foi emprestada do Antigo Testamento, onde o termo frequente é “casa do
Senhor” (1Rs 3.1; 1Cr 22.11). O uso original da expressão refere-se ao Templo,
mas o complemento “que é a
igreja do Deus vivo” inclui o conjunto de membros da igreja. O apóstolo ainda usa os vocábulos “domésticos da fé” (Gl 6.10); “família
de Deus” (Ef 2.19); “corpo
de Cristo” (1Co 12.27); e “templo
de Deus” (1Co 3.16). A sentença
“Deus
vivo” enfatiza o verdadeiro Deus em contraste com os ídolos mortos (1Co 8.4;
2Co 6.16; 1Ts 1.9), fazendo alusão à doutrina bíblica de que Deus é um ser pessoal, distinto da Criação e que, ao
mesmo tempo, se relaciona com a criatura, atuando na história humana (Dn 4.25; At 17.24).
2. A coluna e firmeza da verdade. A Bíblia
assegura que a Igreja do Deus vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15b). Nessa metáfora,
a Igreja é o
fundamento que sustenta a verdade, ou seja, significa que foi instituída como
guardiã da verdade por Deus revelada (2Tm 1.13,14). Essa verdade é o Evangelho de Cristo, as Boas-Novas de salvação
e suas imutáveis doutrinas (Gl 2.5; Ef 1.13; Cl 1.5). Portanto, é responsabilidade da Igreja propagar, testemunhar
e defender a verdade do Evangelho (Mt 28.20; Jo 18.37; Jd 1.3). Desse modo, no
zelo pela verdade, os líderes da igreja devem ser irrepreensíveis e capazes de
repudiar os falsos mestres e suas heresias (1Tm 3.1-13). Se a verdade do
Evangelho for corrompida, então, a igreja deixa de ser o sal da terra e a luz
do mundo (Mt 5.13,14).
3. O mistério
da piedade. A verdade do Evangelho é personificada
em Cristo (Jo 14.6). Nessa concepção, o apóstolo Paulo diz: “grande é o
mistério da piedade” (1Tm 3.16a). Devemos,
aqui, ter atenção para as palavras “mistério” e “piedade”. A primeira sinaliza que
a verdade do Evangelho foi revelada aos santos (Cl 1.26); a segunda retrata a
base do cristianismo que é a fé cristã. Na
sequência, o apóstolo
sintetiza tudo isso com a expressão “o mistério da piedade”, o
Evangelho revelado, a fé cristã estabelecida no seguinte evento: Cristo “que se manifestou em carne foi justificado em
espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido
acima, na glória”
(1Tm 3.16). Assim, a Igreja é a fiel
portadora dessa verdade (2Co 2.17).
II. CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA
1. Santificação e pureza. Paulo ensina que
Cristo morreu pela Igreja: “para
que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”
(Ef 5.26 — ARA). O
texto mostra que, na regeneração, Cristo nos purifica do pecado (1Co 6.11; Tt
3.5) e que, no propósito
do calvário, estava inclusa a nossa santificação (1Ts 4.16; Hb 13.12). A
expressão “a
lavagem da água” é usada
de forma figurada, simboliza a Palavra de Deus que opera uma limpeza espiritual
(Jo 15.3). Nesse sentido, Cristo orou: “santifica-os
na verdade; a tua palavra é a
verdade” (Jo 17.17). Ora, sabemos que a Santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se
para a volta do Senhor (1Pe 1.15; Hb 12.14). Esse processo é contínuo até a glorificação final no dia de Cristo (Rm 6.22; 8.30; Fp
3.21).
2. Gloriosa e irrepreensível. A santificação tem como alvo preparar
uma “igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”
(Ef 5.27). A Escritura compara a relação de Cristo com a Igreja, com a do
marido com a esposa (2Co 11.2). Assim, a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa
nupcial (Ap 21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo a
santifica para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2Ts 2.13). A ausência
de “mácula” e de “ruga”
significa sem mancha alguma de ordem moral ou espiritual. Vestida nesse grau de
pureza, somente a igreja “santa
e imaculada” terá acesso à ceia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Acerca
disso, Cristo advertiu não ser possível entrar nas bodas sem a devida veste
nupcial (Mt 22.11-13).
III. AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO
1. O zelo pela verdade. Enfatizamos que a
verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc 21.33; Jo 17.17),
ou seja, o Evangelho de Cristo é a única
verdade (Jo 14.6). Nesse caso, a igreja é a
“fiel depositária” dessa verdade (1Tm
3.15). E, por isso, os salvos em Cristo são despenseiros da mensagem da redenção
(1Pe 4.10). Para ilustrar essa responsabilidade, levemos em conta o uso que
Jesus fez de símbolos que remontam à responsabilidade espiritual: “os dois servos” (Mt 24.45-51); “os talentos”
(Mt 25.14-30); “o servo vigilante” (Lc 12.35-38); “o mordomo infiel”
(Lc 16.1-13); e “as
dez minas” (Lc 19.12-26). Todas essas parábolas trazem a imagem da
responsabilidade que cada salvo deve ter enquanto espera o Senhor da Igreja
voltar. Esse compromisso é inegociável, pois espera-se que o
salvo cumpra o seu dever com irrestrita lealdade. Assim, a Igreja deve zelar
pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem bíblica com fidelidade
(2Tm 4.2).
2. O ensino da verdade. Deus constituiu líderes
para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef 4.11,12). Portanto, o líder
deve estar apto para ensinar (1Tm 3.2). Isso refere-se à capacidade de
compreender as Escrituras, defender a ortodoxia e refutar as heresias (Tt 1.9).
Desse modo, um líder vocacionado não
cede ao liberalismo teológico,
ecumenismo e sincretismo religioso (2Co 2.17; 2Tm 4.3,4). Logo, a verdade bíblica
deve ocupar a primazia na igreja (1Tm 4.13; 2Tm 2.15). Não por acaso, na tese
54, Lutero ensinou que ofendemos a Palavra de Deus quando no sermão não há tempo ao estudo da Bíblia,
ou seja, quando a exposição da Bíblia não
é o
cerne da pregação. Não
ensinar as Escrituras, relativizar suas doutrinas ou fazer concessões ao pecado
equivale fazer a igreja refém do
mundanismo. Portanto, somente a verdade de Deus é capaz de libertar o pecador (Jo 8.32).
CONCLUSÃO
Diante dos ataques de desconstrução da fé, a Igreja do Deus vivo precisa ser vigilante
(1Co 16.13). Ela é a guardiã da única
verdade que liberta (Jo 8.36). A mensagem da cruz não pode ser res-
significada. Cristo morreu e ressuscitou por amor à Igreja e a requer santa,
pura e irrepreensível (Ef 5.27). Portanto, a Noiva de Cristo não pode macular
suas vestes. Seu papel abarca o ensino e a defesa com todo o zelo da
integridade da verdade revelada (1Tm 4.16).