TEXTO CENTRAL
“Porque
a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência.”
(1Ts 2.3).
PRÁTICA PARA A VIDA
O cultivo da convicção cristã é imperioso para
a prática e a defesa da fé em
tempo de adversidades.
LEITURA BÍBLICA
1 Tessalonicenses 2.1-12.
1 — Porque vós
mesmos, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã;
2 — mas,
havendo primeiro padecido e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos
ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate.
3 — Porque
a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência;
4 — mas,
como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim
falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova o nosso coração.
5 — Porque,
como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de
avareza; Deus é testemunha.
6 — E não
buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados;
7 — antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos.
8 — Assim
nós,
sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de
Deus, mas ainda a nossa própria
alma; porquanto nos éreis
muito queridos.
9 — Porque
bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e
dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.
10 — Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa
e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes.
11 — Assim
como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos,
12 — para
que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e
glória.
INTRODUÇÃO
Diante das incertezas atuais e dos ataques às
doutrinas bíblicas, é indispensável ao crente cultivar uma profunda convicção
cristã (2Tm 1.12-14). Não cabe ao salvo esmorecer em meio às tribulações, mas
prosseguir confiante pelo prêmio da soberana vocação (2Co 4.1; Fp 3.14). Nesta
lição, estudaremos os aspectos espiritual, moral e social que formam a convicção
de nossa fé cristã. O objetivo é despertar em cada cristão o desejo de ser um
autêntico “embaixador
de Cristo” em um mundo de trevas.
I. CONVICÇÃO ESPIRITUAL
1. Poder do Espírito. Por orientação divina, o
Evangelho foi proclamado na Europa. Paulo teve uma visão em que um homem lhe
dizia: “passa à
Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). A partir dessa revelação a mensagem da cruz
foi anunciada em Filipos e depois em Tessalônica (At 16.10-12; 17.1). O apóstolo deixa claro que o Evangelho não foi
pregado como mero discurso racional, “mas,
sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1Ts 1.5 — ARA). Nesse caso, o Evangelho foi ministrado
com ousadia no poder do Espírito, de modo que resultou na salvação e libertação dos tessalonicenses (1Ts 1.6-10). Assim,
podemos afirmar que, na ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero intelectualismo humano e seu
resultado é ineficaz
na transformação de vidas (Mt 7.29; 1Co 2.1-5).
2. Confiança em Deus. O apóstolo declara que mesmo tendo “padecido e sido agravados em Filipos” (1Ts
2.2a), sua fé não
estava abalada. Ele se refere à perseguição sofrida antes de pregar em Tessalônica.
Paulo e Silas tinham sido publicamente espancados com varas. Em seguida, lançados
no cárcere interior com os pés no
tronco (At 16.22-24). Todavia, apesar de feridos, perto da meia-noite, oravam e
cantavam hinos a Deus (At 16.25). Após
essa severa provação, não
esmoreceram, mas, impelidos pelo Espírito, vieram à Tessalônica. Na cidade, em meio às suas lutas, e com
ousada confiança, anunciaram a Cristo (1Ts 2.2b). Nessa perspectiva, somos
encorajados a não desfalecer na pregação do Evangelho, mas confiados em Deus,
jamais recuar, mesmo diante das ameaças de prisão ou de morte (Ap 2.10).
3. Fidelidade na pregação. O apóstolo dos gentios assegura que o Evangelho
anunciado em Tessalônica “não
foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1Ts 2.3a). Mostra que a doutrina cristã não procede de fábulas
inventadas, condutas imorais ou de artifícios para seduzir as pessoas a crerem
em mentiras (2Pe 1.16). Ao contrário, Paulo declara que o Evangelho é de Deus, e que o próprio Deus o comissionou como arauto, “não como para agradar aos homens, mas a Deus,
que prova o nosso coração” (1Ts 2.4b). Dessa forma, o propósito do apóstolo não
era o de satisfazer seus ouvintes com falsos discursos (Tg 1.22). Nesse
sentido, somos exortados a manter fidelidade na pregação, repudiar os
falsificadores da Palavra de Deus e anunciar Cristo com sinceridade (2Co 2.17).
“PARA QUE VOS CONDUZÍSSEIS DIGNAMENTE PARA COM DEUS
Nós devemos viver de
uma maneira que traga atenção positiva e a honra a Deus. Devemos sempre
examinar a nós mesmos, para
assegurar que as nossas vidas sejam dignas de nos identificar com Cristo,
representar o seu caráter e transmitir a sua mensagem a outras pessoas. Só seremos
capazes de fazer isto, confiando na graça e no poder de Deus.
II. CONVICÇÃO MORAL
1. Retidão nas ações. A conversão opera a
transformação moral na vida do crente salvo (2Co 5.17). Desse modo, a Bíblia
orienta, dentre outras recomendações, a deixar a mentira e falar a verdade (Ef
4.25); deixar o furto e ser honesto (Ef 4.28); não pronunciar palavras torpes e
dizer apenas o que edifica (Ef 4.29). Nesse aspecto, o apóstolo Paulo reivindica a retidão das próprias ações ao afirmar: “nunca
usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza” (1Ts 2.5).
Aqui, ele enfatiza que jamais usou de falso sentimento para obtenção de favor.
Ainda assevera que sua motivação era desprovida de ambição financeira. Somente
o falso cristão é que busca poder e influência
por meio da bajulação mentirosa (Rm 16.18). Logo, a conduta de retidão é uma virtude do crente regenerado (Cl 3.23; 1Jo
3.18).
2. Reputação ilibada. Considera-se portadora de
reputação ilibada a pessoa de reconhecida idoneidade moral (At 6.3). Veja como
Paulo avalia sua reputação com esta frase: “não buscamos glória dos
homens, nem de vós,
nem de outros” (1Ts 2.6a). Isso indica que o apóstolo não
trabalhava no Reino em busca de reconhecimento humano. Essa postura foi adotada
por ele em todo o lugar, demonstrando a coerência e a integridade de seu
apostolado. Ele não procurava obter “vantagens”
e nem “honra” em
parte alguma (1Ts 2.5,6). Aos coríntios, escreveu que o crente deve gloriar-se
no Senhor e não em si próprio (1Co 1.29-31). A conclusão é clara: os que aspiram fama e prestígio caem em
tentação e maculam o Evangelho. Nosso viver deve glorificar a Deus. A Ele seja
a glória,
na igreja e em Cristo Jesus, para sempre! (Ef 3.21).
3. Vida irrepreensível. O adjetivo “irrepreensível” denota uma conduta que não pode
ser censurada (Ef 5.27). Nesse contexto, o apóstolo invoca a Deus e a igreja em Tessalônica
como testemunhas de sua postura “santa,
justa e irrepreensível” (1Ts 2.10). Essas designações implicam obediência nas
questões morais, atitude de retidão exemplar e conduta sem motivo algum de
reprovação (1Co 9.16-23). Denotam o padrão de comportamento para com Deus, para
com os homens e para consigo mesmo (1Co 9.27). Ciente da influência que sua
vida exercia sobre os fiéis, o
apóstolo diz: “para
vos dar em nós
mesmos exemplo, para nos imitardes” (2Ts 3.9). Assim, o grau de comprometimento
adotado pelo crente com os valores do Reino é o reflexo do nível de sua comunhão com Deus
(1Co 10.32).
III. CONVICÇÃO SOCIAL
1. Bem-estar comum. O bem-estar comum alcança o
homem em suas necessidades físicas e espirituais. Não por acaso, a Bíblia
fornece instruções para o bem-estar espiritual e social dos seres humanos (2Tm
3.16,17). O papel da igreja é o de
proclamar o Evangelho (Mt 28.19) e aliviar o sofrimento promovendo o bem-estar
social entre os irmãos (Tg 2.15-17). Habacuque registra que os problemas
sociais de sua época
resultavam do pecado, tais como: inversão de valores, violência e injustiças
(Hc 1.1-4). Assim, o mal social tem origem no pecado. Ciente disso, o apóstolo Paulo escreve: “quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de
Deus, mas ainda as nossas próprias
almas” (1Ts 2.8). Esse sentimento é comparado
ao cuidado de uma mãe que se preocupa e protege os filhos (1Ts 2.7), também é equiparado
ao procedimento de um pai amoroso que se interessa pelos problemas dos filhos
(1Ts 2.11b). Era assim que Paulo encorajava, confortava e servia de exemplo à igreja
(1Ts 2.11a). Nessa direção, o dever cristão engloba a moral e o social. A dedicação
exclusiva de uma parte em detrimento da outra não retrata o Evangelho de Cristo
(Tg 4.17).
2. Dedicação altruísta. O apóstolo se dedicou com profundo altruísmo na
propagação do Evangelho (At 20.24). Apesar do direito inerente ao seu
apostolado, ele decidiu nada receber “ainda
que podíamos, como apóstolos
de Cristo, ser-vos pesados” (1Ts 2.6b). Assim sendo, para prover o necessário
sustento, o apóstolo
valeu-se de seu ofício de fabricante de tendas (At 18.3). Acerca disso,
recordava aos irmãos do seu “trabalho
e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós” (1Ts 2.9). Para não se tornar um fardo para
a igreja, ele se desgastou numa atividade laborai extenuante. Aqui é importante ressaltar que a Bíblia não
condena a provisão financeira para os obreiros, pois o próprio apóstolo escreveu que “aos
que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1Co 9.14) e que “digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18). Assim,
ele explica que não usou dessa justa prerrogativa porque conhecia a extrema
pobreza da igreja de seu tempo (2Co 8.1,2), que suportou as restrições financeiras
para não criar obstáculo ao Evangelho (1Co 9.11,12) e que tudo fez para ganhar
o maior número possível
de almas (1Co 9.19). Nesse sentido, aprendemos que o amor sacrificial e o
trabalho voluntário e desprendido são essenciais para o crescimento do Reino e
devem fazer parte de uma profunda convicção cristã como contraponto claro ao “espírito
da Babilônia” que é o
oposto do altruísmo cristão.
CONCLUSÃO
Paulo foi submetido a uma série de provações durante o seu ministério (1Ts 2.2). Não
obstante, ele nos deixou exemplo de intensa convicção de nossa eleição em
Cristo (1Co 11.1). Destacam-se sua convicção espiritual resultante do poder do
Espírito (1Ts 2.4); sua convicção moral como reflexo do temor a Deus (1Ts 2.5);
e sua convicção social demonstrada pela abnegação em servir (1Ts 2.9).
Ratifica-se que, em nossos dias, carecemos dessa firme convicção em defesa dos
interesses do Reino de Deus na Terra.