TEXTO CENTRAL
“Por
isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2Co 4.16).
PRÁTICA PARA A VIDA
Por instrumentalidade do Espírito Santo, os
salvos experimentam a renovação interior em meio as adversidades externas.
LEITURA
BÍBLICA
2 Coríntios 4.11-18.
11 — E
assim nós,
que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida
de Jesus se manifeste também em
nossa carne mortal.
12 — De
maneira que em nós
opera a morte, mas em vós,
a vida.
13 — E
temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito:
Cri; por isso, falei. Nós cremos também; por isso, também falamos,
14 — sabendo
que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também
por Jesus e nos apresentará convosco.
15 — Porque
tudo isso é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, torne abundante a ação de graças,
para glória
de Deus.
16 — Por
isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia.
17 — Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós
um peso eterno de glória
mui excelente,
18 — não
atentando nós
nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são
temporais, e as que se não veem são
eternas.
INTRODUÇÃO
As adversidades externas são uma incontestável
realidade (Rm 8.22,23). Apesar disso, por meio do Espírito, os salvos
experimentam a renovação espiritual no interior de sua vida (2Co 4.16). Não
obstante, durante a nossa existência, o corpo mortal permanecerá sujeito às
adversidades da vida (2Co 5.2,4). Nesta lição, veremos o sofrimento do homem
exterior, o fortalecimento do homem interior e os desafios atuais como forças
externas que tentam esmagar a nossa vida espiritual. A finalidade é mostrar que o crente espiritualmente renovado
pode resistir a qualquer ataque das trevas.
I. O SOFRIMENTO EXTERIOR
1. A experiência de Paulo. O apóstolo Paulo é um exemplo de um homem que sofreu adversidades
externas, mas não perdeu a solidez da vida espiritual. Suas epístolas relatam
tribulações acima de suas forças, a ponto de ele perder a esperança da preservação
da própria
vida (2Co 1.8). Ainda podemos ler menções do apóstolo a prisões, açoites, apedrejamento, perseguições, fadiga,
fome, sede, frio e nudez (2Co 11.23-27). Dessa forma, Paulo sintetiza as
adversidades da nossa jornada de fé nas
seguintes palavras: “E
também todos os que piamente
querem viver em Cristo Jesus padecerão
perseguições” (2Tm 3.12). Por isso, o texto bíblico diz
que o tesouro do Evangelho está guardado em vasos de barro (2Co 4.6,7). Isso é uma declaração de que somos feitos do pó, ou seja, somos mortais, e, por isso, como
seres humanos, somos frágeis (2Co 7.5). Nesse aspecto, o homem exterior padece
e sofre ataques por causa da cruz (2Tm 2.9,10).
2. O exemplo do Apóstolo. Mesmo diante do sofrimento, o apóstolo não
retrocede e tampouco nega a fé (2Tm
4.7; Hb 10.39). Suas provações forjaram a confiança em Deus na sua vida e
ministério (2Co 1.9,10; Fp
4.12,13). Ele reconhece que suas fraquezas são instrumentos do poder divino
(2Co 2.4; 4.11; 12.9,10). Sua vida está a
serviço do Mestre, em favor dos escolhidos e para a glória de Deus (2Co 1.12-14; 4.11,12,15). Cônscio de sua vocação, o apóstolo declara: “por isso não desfalecemos; […]
ainda que o nosso homem exterior se corrompa” (2Co 4.16a). Nesse aspecto, o
legado do apóstolo é de perseverança. Embora o homem
exterior seja consumido pelas tribulações, o salvo não desanima nem recua.
Acerca disso, Cristo nos assegurou: “no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
3. A esperança do crente. Na Escritura, o
contraste entre as aflições do homem e o poder de Deus estão assim
representadas: (a) “atribulados,
mas não angustiados” (2Co 4.8a) significa que, mesmo pressionado, o crente não é esmagado; (b) “perplexos,
mas não desanimados” (2Co 4.8b), indica que, mesmo confuso, o crente não se
desespera; (c) “perseguidos,
mas não desamparados”
(2Co 4.9a), sinaliza que, mesmo ameaçado, o crente não é abandonado; (d) “abatidos, mas não destruídos” (2Co 4.9b), mostra que,
mesmo derrubado, o crente não é nocauteado.
O texto ensina que, embora nosso corpo esteja sujeito ao pecado e ao
sofrimento, Deus sempre provê um meio de escape (1Co 10.13). Nosso Senhor
obteve êxito sobre a morte e, do mesmo modo, temos esperança da vitória
e da vida eterna (2Co 4.14). Portanto, como cristãos, não podemos deixar de
aguardar a bem-aventurada esperança em Cristo (Tt 2.13).
II. A RENOVAÇÃO INTERIOR
1. O fortalecimento diário. A Bíblia enfatiza
que o Espírito Santo é o
agente que habilita o cristão a manter-se firme na adversidade (Jo 14.16,17).
Esse poder do Espírito atua no homem interior e capacita o crente a perseverar
e a viver afastado do pecado (1Co 2.12-16). Assim, apesar da fraqueza e do
sofrimento exteriores, o nosso “interior,
contudo, se renova de dia em dia” (2Co 4.16b). Isso é a operação
do Espírito que qualifica o salvo a não desfalecer. Do ponto de vista das
disciplinas espirituais práticas, esse renovo ocorre por meio da santificação
pessoal, fidelidade, reverência, oração,
jejum e temor a Deus (1Co 7.5; Ef 5.18; Hb 12.14,28). Portanto, não podemos
permitir que a aflição nos desanime, mas devemos renovar o nosso compromisso em
servir a Cristo e permitir que o poder do Espírito Santo nos fortaleça dia a
dia (1Co 16.13).
2. O eterno peso de glória. O apóstolo Paulo declara o seguinte: “a nossa leve e momentânea tribulação produz
para nós
um peso eterno de glória
mui excelente” (2Co 4.17). Aqui, ele faz um contraste entre o sofrimento
presente e o futuro glorioso. O apóstolo
ensina que, se comparada ao peso da glória, que é eterna,
a tribulação é leve e
passageira. Nesse sentido, a adversidade serve como instrumento encorajador do
homem interior, impulsionando-o a prosseguir (Fp 3.13,14) e que a fé se renova à medida que o crente é capaz de suportar as tribulações (Jó 42.5; Sl
119.67). Portanto, faz-se necessário sermos sábios diante da tribulação,
fugindo da murmuração e reconhecendo que as lutas, segundo o critério de Deus, são inevitáveis. Entretanto, as Escrituras ratificam que
as aflições deste tempo não podem ser comparadas com a glória do porvir (Rm 8.18).
3. A visão da eternidade. Fortalecido em Deus,
tendo plena consciência da vida vindoura, o cristão é exortado a não focar “nas
coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são
temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co
4.18). Contrastando as coisas visíveis com as invisíveis, as temporárias com as
eternas, o apóstolo
Paulo apela ao exercício da fé bíblica
como uma importante motivação para o crente não desfalecer nas tribulações (cf.
Hb 11.1). Nesse caso, somado à renovação diária,
o crente deve viver sob a perspectiva da eternidade. Não por acaso, o apóstolo Paulo escreveu: “pensai
nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2).
III. OS
DESAFIOS DE HOJE
1. Cultura secularista. O “espírito da Babilônia”, por meio da cultura
secularista, procura esmagar a vida espiritual dos crentes (Ap 17.5). É um
sistema materialista, conforme estudamos até aqui, que nega a realidade espiritual, a existência
de Deus, a verdade bíblica e todo o conjunto de valores provenientes da Palavra
de Deus. Diante desse ataque, o Altíssimo continua a buscar um povo que seja
renovado por dentro, resista aos ataques externos e tome posição contra o
advento do mal (Ez 22.30).
2. Relativismo doutrinário. Outro ataque que
procura matar a nossa vida espiritual é o
processo de desconstrução dos fundamentos da fé. Não podemos tolerar a relativização doutrinária.
Ora, relativizar a doutrina bíblica é enfraquecer
o homem interior. Não há
como renovar a nossa vida espiritual sem ter em alta conta a Palavra de Deus. Não
se pode fazer uma releitura seletiva da Bíblia para agregar à Igreja os que não
aceitam a sã doutrina (2Tm 4.3). O relativismo aliado à ideologia secularista
impõe o que deve ser considerado como ideal. Assim, o pecado é aceito e tolerado. Porém, o crente renovado deve reagir contra essa
inversão de valores, resistir ao “espírito da Babilônia” e “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).
3. Batalha espiritual. Todo salvo trava uma
batalha espiritual neste mundo. A Escritura diz que Satanás é o “deus
deste século” e que o mundo jaz no Maligno (2Co 4.4; 1Jo
5.19). Por isso, nossa Declaração de Fé realça que foi com engano que
ele começou as suas atividades contra o homem (Gn 3.13; 2Co 11.3). E é com essa arma que o Diabo e seus agentes ainda
seduzem as pessoas neste mundo (Ap 12.9). Outrossim, os espíritos malignos têm
capacidade de influenciar os que vivem na desobediência, manipulando,
aprisionando e colocando pessoas contra Deus (Ef 2.2). Por isso, a Bíblia
alerta que nossa luta não é contra
o homem, mas contra os demônios (Ef 6.12). De certo, o crente renovado, de
posse da armadura de Deus, deve posicionar-se contra as ciladas do Diabo, “orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18).
CONCLUSÃO
Durante a existência do corpo mortal, nosso
homem exterior estará sujeito às tribulações desta vida (2Co 4.11). Apesar do
padecimento e das aflições, o nosso homem interior não deve desfalecer, mas se
renovar por meio do poder do Espírito (2Co 4.16). Assim, os sofrimentos do
tempo presente não podem ser comparados com o peso de glória eterna reservado para os fiéis (2Co 4.17). Por isso, no tempo presente de
ataques e desconstrução da fé cristã, necessitamos de renovação do nosso interior,
dia a dia, para enfrentar o poder do pecado e do mal.