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Ministração 10. A renovação cotidiana do homem interior

TEXTO CENTRAL

 

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2Co 4.16).

 

PRÁTICA PARA A VIDA

 

Por instrumentalidade do Espírito Santo, os salvos experimentam a renovação interior em meio as adversidades externas.

 

LEITURA BÍBLICA

2 Coríntios 4.11-18.

 

11 E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal.

12 De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida.

13 E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri; por isso, falei. Nós cremos também; por isso, também falamos,

14 sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus e nos apresentará convosco.

15 Porque tudo isso é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, torne abundante a ação de graças, para glória de Deus.

16 Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.

17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente,

18 não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.

 

INTRODUÇÃO

 

As adversidades externas são uma incontestável realidade (Rm 8.22,23). Apesar disso, por meio do Espírito, os salvos experimentam a renovação espiritual no interior de sua vida (2Co 4.16). Não obstante, durante a nossa existência, o corpo mortal permanecerá sujeito às adversidades da vida (2Co 5.2,4). Nesta lição, veremos o sofrimento do homem exterior, o fortalecimento do homem interior e os desafios atuais como forças externas que tentam esmagar a nossa vida espiritual. A finalidade é mostrar que o crente espiritualmente renovado pode resistir a qualquer ataque das trevas.

 

 

I. O SOFRIMENTO EXTERIOR

 

1. A experiência de Paulo. O apóstolo Paulo é um exemplo de um homem que sofreu adversidades externas, mas não perdeu a solidez da vida espiritual. Suas epístolas relatam tribulações acima de suas forças, a ponto de ele perder a esperança da preservação da própria vida (2Co 1.8). Ainda podemos ler menções do apóstolo a prisões, açoites, apedrejamento, perseguições, fadiga, fome, sede, frio e nudez (2Co 11.23-27). Dessa forma, Paulo sintetiza as adversidades da nossa jornada de fé nas seguintes palavras: E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12). Por isso, o texto bíblico diz que o tesouro do Evangelho está guardado em vasos de barro (2Co 4.6,7). Isso é uma declaração de que somos feitos do pó, ou seja, somos mortais, e, por isso, como seres humanos, somos frágeis (2Co 7.5). Nesse aspecto, o homem exterior padece e sofre ataques por causa da cruz (2Tm 2.9,10).

2. O exemplo do Apóstolo. Mesmo diante do sofrimento, o apóstolo não retrocede e tampouco nega a fé (2Tm 4.7; Hb 10.39). Suas provações forjaram a confiança em Deus na sua vida e ministério (2Co 1.9,10; Fp 4.12,13). Ele reconhece que suas fraquezas são instrumentos do poder divino (2Co 2.4; 4.11; 12.9,10). Sua vida está a serviço do Mestre, em favor dos escolhidos e para a glória de Deus (2Co 1.12-14; 4.11,12,15). Cônscio de sua vocação, o apóstolo declara: por isso não desfalecemos; […] ainda que o nosso homem exterior se corrompa” (2Co 4.16a). Nesse aspecto, o legado do apóstolo é de perseverança. Embora o homem exterior seja consumido pelas tribulações, o salvo não desanima nem recua. Acerca disso, Cristo nos assegurou: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).

3. A esperança do crente. Na Escritura, o contraste entre as aflições do homem e o poder de Deus estão assim representadas: (a) atribulados, mas não angustiados” (2Co 4.8a) significa que, mesmo pressionado, o crente não é esmagado; (b) perplexos, mas não desanimados” (2Co 4.8b), indica que, mesmo confuso, o crente não se desespera; (c) perseguidos, mas não desamparados” (2Co 4.9a), sinaliza que, mesmo ameaçado, o crente não é abandonado; (d) abatidos, mas não destruídos” (2Co 4.9b), mostra que, mesmo derrubado, o crente não é nocauteado. O texto ensina que, embora nosso corpo esteja sujeito ao pecado e ao sofrimento, Deus sempre provê um meio de escape (1Co 10.13). Nosso Senhor obteve êxito sobre a morte e, do mesmo modo, temos esperança da vitória e da vida eterna (2Co 4.14). Portanto, como cristãos, não podemos deixar de aguardar a bem-aventurada esperança em Cristo (Tt 2.13).


 

II. A RENOVAÇÃO INTERIOR

 

1. O fortalecimento diário. A Bíblia enfatiza que o Espírito Santo é o agente que habilita o cristão a manter-se firme na adversidade (Jo 14.16,17). Esse poder do Espírito atua no homem interior e capacita o crente a perseverar e a viver afastado do pecado (1Co 2.12-16). Assim, apesar da fraqueza e do sofrimento exteriores, o nosso interior, contudo, se renova de dia em dia” (2Co 4.16b). Isso é a operação do Espírito que qualifica o salvo a não desfalecer. Do ponto de vista das disciplinas espirituais práticas, esse renovo ocorre por meio da santificação pessoal, fidelidade, reverência, oração, jejum e temor a Deus (1Co 7.5; Ef 5.18; Hb 12.14,28). Portanto, não podemos permitir que a aflição nos desanime, mas devemos renovar o nosso compromisso em servir a Cristo e permitir que o poder do Espírito Santo nos fortaleça dia a dia (1Co 16.13).

2. O eterno peso de glória. O apóstolo Paulo declara o seguinte: a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2Co 4.17). Aqui, ele faz um contraste entre o sofrimento presente e o futuro glorioso. O apóstolo ensina que, se comparada ao peso da glória, que é eterna, a tribulação é leve e passageira. Nesse sentido, a adversidade serve como instrumento encorajador do homem interior, impulsionando-o a prosseguir (Fp 3.13,14) e que a fé se renova à medida que o crente é capaz de suportar as tribulações (Jó 42.5; Sl 119.67). Portanto, faz-se necessário sermos sábios diante da tribulação, fugindo da murmuração e reconhecendo que as lutas, segundo o critério de Deus, são inevitáveis. Entretanto, as Escrituras ratificam que as aflições deste tempo não podem ser comparadas com a glória do porvir (Rm 8.18).

3. A visão da eternidade. Fortalecido em Deus, tendo plena consciência da vida vindoura, o cristão é exortado a não focar nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co 4.18). Contrastando as coisas visíveis com as invisíveis, as temporárias com as eternas, o apóstolo Paulo apela ao exercício da fé bíblica como uma importante motivação para o crente não desfalecer nas tribulações (cf. Hb 11.1). Nesse caso, somado à renovação diária, o crente deve viver sob a perspectiva da eternidade. Não por acaso, o apóstolo Paulo escreveu: pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2).


  

III. OS DESAFIOS DE HOJE

 

1. Cultura secularista. O espírito da Babilônia”, por meio da cultura secularista, procura esmagar a vida espiritual dos crentes (Ap 17.5). É um sistema materialista, conforme estudamos até aqui, que nega a realidade espiritual, a existência de Deus, a verdade bíblica e todo o conjunto de valores provenientes da Palavra de Deus. Diante desse ataque, o Altíssimo continua a buscar um povo que seja renovado por dentro, resista aos ataques externos e tome posição contra o advento do mal (Ez 22.30).

2. Relativismo doutrinário. Outro ataque que procura matar a nossa vida espiritual é o processo de desconstrução dos fundamentos da fé. Não podemos tolerar a relativização doutrinária. Ora, relativizar a doutrina bíblica é enfraquecer o homem interior. Não há como renovar a nossa vida espiritual sem ter em alta conta a Palavra de Deus. Não se pode fazer uma releitura seletiva da Bíblia para agregar à Igreja os que não aceitam a sã doutrina (2Tm 4.3). O relativismo aliado à ideologia secularista impõe o que deve ser considerado como ideal. Assim, o pecado é aceito e tolerado. Porém, o crente renovado deve reagir contra essa inversão de valores, resistir ao espírito da Babilônia” e batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).

3. Batalha espiritual. Todo salvo trava uma batalha espiritual neste mundo. A Escritura diz que Satanás é o deus deste século” e que o mundo jaz no Maligno (2Co 4.4; 1Jo 5.19). Por isso, nossa Declaração de Fé realça que foi com engano que ele começou as suas atividades contra o homem (Gn 3.13; 2Co 11.3). E é com essa arma que o Diabo e seus agentes ainda seduzem as pessoas neste mundo (Ap 12.9). Outrossim, os espíritos malignos têm capacidade de influenciar os que vivem na desobediência, manipulando, aprisionando e colocando pessoas contra Deus (Ef 2.2). Por isso, a Bíblia alerta que nossa luta não é contra o homem, mas contra os demônios (Ef 6.12). De certo, o crente renovado, de posse da armadura de Deus, deve posicionar-se contra as ciladas do Diabo, orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18).


  

CONCLUSÃO

 

Durante a existência do corpo mortal, nosso homem exterior estará sujeito às tribulações desta vida (2Co 4.11). Apesar do padecimento e das aflições, o nosso homem interior não deve desfalecer, mas se renovar por meio do poder do Espírito (2Co 4.16). Assim, os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com o peso de glória eterna reservado para os fiéis (2Co 4.17). Por isso, no tempo presente de ataques e desconstrução da fé cristã, necessitamos de renovação do nosso interior, dia a dia, para enfrentar o poder do pecado e do mal.