TEXTO CENTRAL
“Mas
o corpo não é para a
prostituição, senão
para o Senhor, e o Senhor para o corpo.” (1Co 6.13b).
PRÁTICA PARA A VIDA
O corpo é o
templo do Espírito Santo e, por isso, deve ser conservado em santificação até a volta de Cristo.
LEITURA
BÍBLICA
1 Coríntios
6.12-20.
12 — Todas
as coisas me são lícitas,
mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
nenhuma.
13 — Os
manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o
corpo não é para a
prostituição, senão
para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
14 — Ora,
Deus, que também
ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
15 — Não
sabeis vós
que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo
e fá-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo.
16 — Ou
não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque
serão, disse, dois numa só carne.
17 — Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito.
18 — Fugi
da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca
contra o seu próprio corpo.
19 — Ou
não sabeis que o nosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós
mesmos?
20 — Porque
fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no
vosso espírito, os quais pertencem a Deus.
INTRODUÇÃO
Deus criou o ser humano para o louvor da sua glória (1Co 6.20). Em vista disso, Ele espera do
homem regenerado uma vida de santidade (1Pe 1.15). Contudo, os conceitos
secularistas propagam uma forma de vida independente dos preceitos divinos.
Nesta lição, vamos estudar a criação do homem e as características do corpo
humano nas Escrituras e correlacionar esse tema com a visão secular do corpo
hoje. Nossa finalidade é apresentar
a visão bíblica do corpo, seu propósito e sua glorificação
final.
I. A CRIAÇÃO DO SER HUMANO
1. A origem da raça humana. O homem é o único ser vivo criado à imagem e semelhança
de Deus (Gn 1.26,27). Por isso, nossa Declaração de Fé ensina que fomos criados por um ato sobrenatural,
imediato, e não por um processo evolutivo. Assim, o homem (adham) foi formado do pó úmido da terra (Gn 2.7). Interessante notar que
o uso do hebraico adham denota nome próprio, mas também genérico, significando “homens” e “humanidade”
(Sl 73.5; Is 31.3). Logo, Adão
foi o primeiro homem a ser criado (Gn 2.15,19,20); e Eva, a primeira mulher,
formada do corpo de Adão (Gn 2.22; 3.20). Além disso, homem e mulher são descritos como
criaturas da terra, porém, Deus
“soprou
em seus narizes o fôlego da vida” (Gn 2.7b). Ele não fez isso com os animais. O
sopro de Deus foi a outorga do nosso espírito e isso nos distingue dos demais
seres criados.
2. A constituição do ser humano. Nossa Declaração
de Fé professa que a natureza
humana consiste numa parte externa, o corpo ou a carne (Gn 6.3; Sl 78.39),
chamada de “homem
exterior”; e uma parte interna, denominada de “homem
interior”, composta de espírito e alma (2Co 4.16; 1Ts 5.23). Essa constituição
humana é denominada de tricotomia,
isto é, três substâncias: espírito,
alma e corpo (Hb 4.12). Exemplo dessa estrutura pode ser observada na pessoa de
Cristo (Lc 23.46; 24.39). A Bíblia de Estudo Pentecostal leciona que o nosso
espírito é o componente pelo qual se tem comunhão com o
Espírito de Deus. E a alma é definida
pelos aspectos da mente, emoções e vontade. O corpo é a parte que volta ao pó e que, no caso dos
salvos, será transformado no dia da ressurreição (1Co 15.42).
3. Queda e restauração humana. A Bíblia revela
que todas as áreas de nosso ser foram afetadas pelo pecado (Rm 7.20-23).
Conforme a Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal, embora constituído
de três substâncias, se o ser humano for afetado em um elemento de sua
constituição humana, ele será
afetado inteiramente. Nessa perspectiva, a vida espiritual não pode estar
desassociada de seu corpo: “glorificai,
pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1Co
6.20). Desse modo, a conduta irrepreensível do cristão é requerida no espírito quanto na alma e no corpo
(1Ts 5.23). Isso quer dizer que a santificação deve atingir a parte material e
imaterial do homem. Contudo, essa restauração somente é possível por meio do sangue de Cristo, pela ação do
Espírito e pela Palavra de Deus (1Pe 1.15-25).
“A POSITIVIDADE DO CORPO
[…] Paulo não fala também do ‘corpo do
pecado’ (Rm 6.6)? E isso não significa que o corpo é a fonte do mal? Não. O contexto deixa claro que Paulo está falando que o
corpo pode tornar-se um instrumento do pecado — mas pode também se tornar um instrumento de justiça: ‘Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer,
sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência
para a justiça?’ (v.16). O problema
não é o corpo, mas o pecado. O corpo é apenas o lugar onde a batalha entre o bem e o mal é encarnada.”
II. A VISÃO BÍBLICA DO CORPO
1. Parte exterior do homem. O termo corpo (do
grego, soma) normalmente identifica a
parte exterior do ser humano (Mt 10.28; 1Co 15.38). O termo carne (do grego, sarx),
quando se refere ao homem físico, inclui a sua dimensão exterior (Lc 24.39; At 2.31).
Ambos os termos indicam a parte visível e material da natureza humana. o corpo é o invólucro da parte imaterial do ser humano; ele
envelhece e morre, ocasião em que alma e espírito o deixam (Gn 35.18; Tg 2.26).
A carne (corpo) geralmente é descrita
em sentido negativo: “na
minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18). Entretanto, esse tom depreciativo
diz respeito à natureza pecaminosa do homem e não especificamente ao corpo físico.
Assim sendo, nossa Declaração de Fé rejeita
a ideia de ser o corpo uma prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente
mau e insignificante.
2. Templo do Espírito Santo. A Escritura
declara que “o corpo não é para
a prostituição, senão
para o Senhor” (1Co 6.13b). Isso significa que o corpo pertence ao Criador e a
Ele deve estar unido (1Co 6.17). Nesse sentido, essa parte material do salvo
deve ser santa e usada para glorificar a Deus (1Co 6.20b). Em 1 Coríntios 6,
lemos que os corpos dos salvos são metaforicamente membros do Corpo de Cristo
(1Co 6.15; cf. Rm 12.4,5). Por isso, eles não devem praticar atos imorais (Rm
6.13,19; 1Co 6.15,16). Aqui, o cristão é exortado
a não pecar contra o próprio
corpo (1Co 6.18), pois um resgate de alto preço foi pago por Cristo (1Co 6.20a)
tornando o crente templo e morada do Espírito Santo (1Co 6.19; Ef 1.13).
Portanto, como santuário, o corpo nunca deve ser profanado por impureza alguma.
3. Glorificado na ressurreição. A ressurreição
de Cristo aniquilou o império da
morte (Hb 2.14,15) e garantiu a nossa ressurreição (1Co 6.14; 2Co 4.14). Entre
a morte e a ressurreição há
um estado intermediário, onde a parte imaterial do ser humano subsiste de modo
consciente (Lc 9.28-31; 16.22-31). Contudo, o nosso corpo carnal não pode
herdar o Reino de Deus (1Co 15.50). Por isso, a última etapa de nossa salvação é a glorificação
(Rm 8.30). Inclui a redenção e a transformação de nosso corpo mortal conforme o
corpo glorioso de Cristo (Rm 8.23; Fp 3.21). Esse evento ocorrerá quando Jesus
voltar (1Ts 4.13-17). Na ressurreição, a parte imaterial será reunida em um
corpo incorruptível, glorificado, espiritual e imortal (1Co 15.42-44,52-54).
Assim, a morte é o último
inimigo a ser vencido (1Co 15.26).
III. A VISÃO SECULAR DO CORPO
1. Hedonismo e narcisismo. Zelar e manter o
corpo saudável é uma forma de glorificar a Deus (1Co 6.20).
Contudo, em tempos pós-modernos
de busca da felicidade, o hedonismo e o narcisismo são incutidos na sociedade.
Com hedonismo, nos referimos ao estilo de vida em que a obtenção do prazer e a
fuga do sofrimento são prioridades. Nesse aspecto, tudo é permitido. Com narcisismo, aludimos ao amor
excessivo que uma pessoa tem por si própria. De acordo com essa abordagem, refere-se
ao indivíduo que, de modo insensato, persegue o corpo ideal por meio da boa estética a qualquer custo e se porta com ostentação
em busca da autorrealização e de ser admirado. Em oposição a essa cultura,
Paulo ensina: “todas
as coisas me são lícitas,
mas nem todas as coisas convêm” (1Co 6.12a).
2. Erotização
e libertinagem. Ao formar o ser humano, Deus também criou a sexualidade (Gn 1.27,28). Portanto, não
se trata de algo impuro. O pecado não
está no sexo, mas na perversão de seu propósito. Nossa Declaração de Fé leciona que a relação sexual não é só para procriar, mas também para o prazer dentro dos limites do matrimônio
e do uso natural do corpo (Rm 1.26,27; Hb 13.4). Todavia, em nossos dias, a
erotização do corpo é explorada
nas mídias, artes, músicas e literaturas. O objetivo é seduzir e estimular as práticas sexuais ilícitas.
Como resultado, a licenciosidade, isto é,
a conduta sexual desregrada e imoral, prolifera assustadoramente (1Co 6.10).
Diante disso, o apóstolo
Paulo adverte: “todas
as coisas me são lícitas,
mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1Co 6.12b).
3. Liberdade e autonomia. A Bíblia atesta que o
homem é dotado de livre-arbítrio
(Gn 2.16,17). Isso indica autonomia para tomar as próprias decisões e se autogovernar. Somos livres,
porém, todos os nossos atos
serão alvo do juízo divino (Ec 12.14). Não
obstante, no atual cenário, ideias secularistas promovem a banalização do
corpo. O existencialismo ateu, por exemplo, afirma que para descobrir o sentido
da vida, o homem deve usufruir de liberdade incondicional. Nesse aspecto, livre
de qualquer moral divina, o indivíduo passa a exercer total controle sobre o
corpo. Desse modo, seus adeptos atuam contra o corpo na legalização do aborto,
da prostituição, das drogas, do suicídio assistido, dentre outros. Contrário a
esse ativismo, o apóstolo
Paulo assevera: “não
sabeis […] que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).
CONCLUSÃO
Criado da terra, à imagem e semelhança divinas,
o homem é constituído
de três substâncias: espírito, alma e corpo (1Ts 5.23). Nessa concepção, não podemos pecar com o corpo sem afetar o espírito
e a alma (1Co 6.15-17). O corpo é morada
do Espírito, que não habita em santuário impuro (1Co 6.18,19). Na vinda de
Cristo, o corpo dos santos será glorificado (1Co 15.52). Assim, o corpo não
deve ser tratado como algo pejorativo. O princípio de cuidado e santidade do
corpo deve ser observado pelos que pertencem a Deus (1Co 6.20).