TEXTO
CENTRAL
“Setenta semanas
estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa Cidade.” (Dn 9.24).
PRÁTICA
PARA A VIDA
Deus revela os seus
planos, mas os fiéis devem buscar entendimento e
interceder pelo povo da promessa.
OBJETIVOS
•
APRENDER com a
postura de Daniel de estudo e oração diante da profecia;
•
COMPREENDER a revelação
de Deus sobre o futuro de Israel;
•
ENTENDER o teor da
profecia das Setenta Semanas.
TEXTO BÍBLICO
Daniel 9.1-4,20-24.
1 — No ano primeiro de
Dario, filho de Assuero, da nação dos medos, o qual foi constituído rei sobre o
reino dos caldeus.
2 — No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel,
entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o SENHOR ao profeta
Jeremias, em que haviam de acabar as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3 — E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o
buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza.
4 — E orei ao SENHOR, meu Deus, e confessei. e
disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus
mandamentos.
20 — Estando eu ainda falando, e orando, e
confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha
súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus.
21 — Estando eu, digo, ainda falando na oração, o
varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando
rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde.
22 — E me instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel,
agora sai para fazer-te entender o sentido.
23 — No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e
eu vim, para to declarar, porque és mui amado; toma,
pois, bem sentido na palavra e entende a visão.
24 — Setenta semanas estão determinadas sobre o teu
povo, e sobre a tua Santa Cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos
pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a
profecia, e para ungir o Santo dos santos.
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos o capítulo 9 do livro de Daniel, ocasião em que o profeta se acha
profundamente preocupado com o destino de seu povo e de Jerusalém. Ele busca entender o plano de Deus para a restauração de Israel e o
fim do exílio. Com fervor espiritual, orou a Deus buscando respostas, e sua
oração sincera é atendida por
uma revelação profunda por meio do anjo Gabriel Esta revelação divina contém a profecia das Setenta Semanas, por
meio da qual Deus faz saber sobre um período de tempo decretado para o seu povo
e sua cidade santa. Neste episódio, além de aprendermos mais uma vez com a
postura piedosa de Daniel veremos a história redentora que se desdobra na Bíblia, incluindo a vinda do
Messias, sua morte e o subsequente destino de Jerusalém.
I. ESTUDO E INTERCESSÀO DE DANIEL
1. Estudando as
profecias. O reino dos caldeus havia chegado ao fim com a queda da Babilônia
(Dn 5.30-31). e agora Israel encontrava-se sob o domínio do Império Medo-Persa, sob o governo de Dario. Consciente acerca das visões que
Deus lhe dera, a mente de Daniel se volta para o seu povo, dedicando-se ao
estudo das antigas profecias por meio das Escrituras (v.2). Ele se recordou da
referência de Jeremias, profeta que vaticinou sobre o cativeiro babilônico. Ele
tinha convicção de que Deus falara com Jeremias e que podia falar com ele também. Tendo estudado os livros, os pergaminhos trazidos de Jerusalém, Daniel teve entendimento acerca do cumprimento da desolação de
Jerusalém no período de setenta anos. Esta
profecia encontra-se nos capítulos 25 e 29 de Jeremias, referindo-se ao período
de provação dos israelitas sob domínio estrangeiro.
2. Persiste em ler.
É interessante perceber o zelo de Daniel em ler e estudar o ensino ministrado
por outros profetas. O verdadeiro profeta, afinal, jamais despreza o estudo
sistematizado das Escrituras. Daniel era um homem de oração e também dos livros, tinha visões, mas nunca abandonou a Palavra escrita de
Deus. Eis um dos segredos de como viver na Babilônia, sem que a “Babilônia”
viva em você. Isso nos Lembra de que a leitura da Bíblia e de livros de bons
autores é vital para o entendimento do cristão
sobre as questões espirituais. Por isso, Paulo aconselha o jovem Timóteo a persistir na Leitura (1Tm 4.12).
3. Oração e jejum. Ao compreender a mensagem, Daniel buscou o
Senhor em oração e súplicas, com jejum
(v.3). Ele estava empenhado em uma busca profunda e sincera pela ajuda divina.
Ao longo de sua jornada de fidelidade, Daniel sempre se mostrou um homem de
oração. Ele orou por livramento; orou para agradecer, e agora orava para
interceder. Daniel tinha convicção de que era preciso voltar-se ao Senhor com
um coração contrito e arrependido por causa da sua nação. Por isso, ele põe-se
a interceder pelo povo de Judá, de Jerusalém e de todo o Israel. O uso do pano de saco e as cinzas simboliza arrependimento.
A oração do profeta foi, sobretudo, uma confissão de reconhecimento de culpa
(vv.4-14). Embora íntegro, Daniel não se pôs acima do
povo, mas na mesma condição. Ele não apresenta desculpas ou justificativas,
antes reconhece a justiça do Senhor e suplica pelo seu perdão (vv.15-19). Com
este exemplo bíblico, um verdadeiro modelo de influência que devemos seguir,
somos inspirados em nossos dias a compreender o valor da oração intercessória e do
jejum (Ef 6.18; 1Ts 1.2; 1Tm 2.1,2; Mt 6.16-18).
II. DEUS REVELA O FUTURO DO SEU POVO
1. A resposta da
oração. Antes mesmo de terminar a sua intensa oração, o anjo Gabriel aparece
repentinamente diante dele (v.21). Este ser angelical, o mesmo registrado no
capítulo 8, é mencionado na Bíblia como mensageiro de
Deus (Lc 1.19,20,26). Foi enviado nesta ocasião em resposta à súplica do
profeta, para lhe dar entendimento sobre a visão (vv.22,23). Apesar do espanto,
Daniel deve ter experimentado um conforto indescritível ao ouvir a voz do anjo.
Seu pedido moveu o céu. Muitas vezes, em nossas vidas, não
recebemos uma resposta divina rápida, daí a necessidade da perseverança (Cl
4.2). No caso de Daniel, porém, o Senhor
apressou-se em atender ao seu servo, porque era ele “mui amado” (v.23). A
verdade maravilhosa é que Deus tem prazer em ouvir a oração
dos seus filhos, sobretudo quando se concentram na glória do seu nome!
2. Oração aos anjos? Você deve notar que Daniel dirigiu a sua oração
a Deus, e não ao anjo Gabriel. Em lugar algum das Escrituras temos autorização
para orar aos seres angelicais. Esse tipo de prática é chamado de angelolatria, ou seja,
idolatria aos anjos. Embora eles sejam seres espirituais com poderes
extraordinários superiores aos homens (Sl 8.4,5; 103.20; 2Pe 2.11), são
criaturas limitadas. Não são oniscientes (1Pe 1.12) e recusam a adoração (Ap
22.8,9); antes, adoram a Deus e a Cristo (Ap 5.11,12). Eles são “espíritos
ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a
salvação” (Hb 1.14). Assim, supostas mensagens angelicais não podem perverter o
Evangelho revelado em sua Palavra (Gl 1.8). Por essas mesmas razões, conforme
consta em nossa Declaração de Fé das Assembleias de
Deus no Brasil, a ideia de que todas as pessoas possuem um anjo da guarda
designado para acompanhá-las durante toda a sua vida não tem sustentação
bíblica.
3. A revelação das
Setenta Semanas e o Messias. A mensagem de explicação do anjo celeste revela um
tempo determinado de setenta semanas decretadas por Deus para o seu povo e sua
cidade santa (v.24). Fazendo uma contagem histórica da profecia de Jeremias, Daniel compreendia que o
cativeiro estava terminando. Isso viria a se cumprir por intermédio do Decreto de Ciro, não muito tempo depois. Contudo, o anjo dá um
entendimento mais profundo e apocalíptico das Setenta Semanas, que se aplica
não somente a Israel, mas a todo o mundo. Semelhantemente a Daniel, Deus quer
que você amplie o seu entendimento e tenha uma dimensão mais profunda da sua
Palavra e da vida espiritual As Setenta Semanas simbólicas destacam sobretudo o tempo e a obra do Messias. Ele é descrito como o Ungido e o Príncipe (vv.25,26). O verso 24 apresenta
seis aspectos da sua obra redentora: acabar com a transgressão, dar fim ao
pecado, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia, e ungir o lugar santíssimo.
III. ENTENDENDO AS SETENTA SEMANAS
1. Semanas de anos.
Na Bíblia, o número setenta possui um sentido profético. Nesta profecia, as Setenta Semanas são semanas de anos, não de
dias. A Leitura da passagem (vv.24-27) mostra que as semanas estão divididas em
três grupos. Sendo semanas de anos, totalizam 490 anos. Os três grupos são: a)
7 semanas (49 anos), b) de 62 semanas (434 anos), c) uma semana (7 anos).
a) Sete semanas (49
anos): O início deu-se com o decreto da reconstrução de Jerusalém (v.25). Os principais estudiosos do assunto concordam que se trata do
decreto de Artaxerxes Longimano, baixado em 445 a.C. (cf. Ne 2).
b) Sessenta e duas
semanas (434 anos): Refere-se ao período do advento do Messias, Jesus de Nazaré (vv.25,26). Neste tempo o Senhor foi morto e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída através da
liderança do general do exército romano, Tito,
em 70 d.C.
c) Uma semana (7
anos): Esta semana ainda não aconteceu (v.27). Compare Daniel 9.27 com Mateus
24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu. Esta
última semana refere-se, então, ao período que
implicará o advento do Anticristo e o início do tempo de tributação para Israel
e para o mundo. A Grande Tributação será o período de maior angústia da história humana (Ap 6.15-17), quando o mundo testemunhará a ira do
Senhor (Jr 30.7). Essa etapa da história foi
determinada por Deus para fazer justiça contra a rebelião dos moradores da
Terra e preparar a nação de Israel para o encontro com o seu Messias.
2. As duas metades
da septuagésima semana. A Septuagésima Semana pode ser dividida em duas metades distintas. A primeira
metade será marcada pelo reinado absoluto do Anticristo — “o príncipe”, de acordo
com Daniel 9.26b. Ele enganará Israel fazendo uma aliança com o povo judeu (Dn
9.27a), e buscará a adoração como se fora Deus (2Ts 2.4b), profanando o
santuário, o lugar santo para o povo de Israel, como alertou o próprio Senhor Jesus (Mt 24.15). A segunda metade
terá início quando Israel se negar a adorá-lo, e então o Anticristo quebrará o
acordo de paz — depois de três anos
e meio (Dn 9.27b) — e perseguirá o povo judeu. Essa segunda metade é A Grande Tributação propriamente dita (1Ts 5.3; Jr 30.7). Ao final do
período de sete anos, aparecerá o Libertador de Israel: “E, assim, todo o
Israel será salvo.” (Rm 11.26).
3. O intervalo e a
igreja. O estudo das Escrituras demonstra um longo intervalo de tempo que
precede a septuagésima semana. A Bíblia identifica este
intervalo profético como “o tempo dos
gentios” (Lc 21.24). Atualmente, estamos no tempo da graça de Deus e temos de
anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc 4.18,19).
É importante
ressaltar que a profecia de Daniel refere-se a Israel e a Jerusalém. A Igreja de Cristo não passará pela Grande Tribulação (Ap 3.10), pois
terá sido arrebatada. Neste período, receberemos nossos galardões consoante ao
trabalho que executamos na expansão do Reino de Deus. A promessa de Jesus à sua
Igreja é a de preservá-la desse sofrimento (1Ts
1.10; 5.9; Lc 21.35,36).
CONCLUSÃO
Ao término desta aula, a profecia das Setenta Semanas de Daniel nos leva a
reconhecer a importância da dedicação ao estudo e da vigilância constante.
Aprofundar nosso entendimento dessas profecias escatológicas requer esforço contínuo e atenção aos detalhes,
pois são temas complexos que nos desafiam a ir além da superfície. Que o Senhor nos dê graça e continue guardando a sua
igreja.