TEXTO
CENTRAL
“E aconteceu que,
havendo eu, Daniel, visto a visão, busquei entendê-la e eis que se me
apresentou diante uma como semelhança de homem.” (Dn 8.15).
PRÁTICAS
PARA A VIDA
O conhecimento das
coisas futuras nos dá esperança e a
certeza de que Deus está no controle de todas as coisas.
OBJETIVOS
•
CONHECER a visão de
Daniel do carneiro e do bode;
•
COMPREENDER a
simbologia do bode e do pequeno chifre;
•
APRENDER sobre o
cumprimento da visão para o tempo do fim.
TEXTO BÍBLICO
Daniel 8.1-6.
1 — No ano terceiro do
reinado do rei Belsazar, apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela
que me apareceu no princípio.
2 — E vi na visão (acontecendo, quando vi, que eu
estava na cidadela de Susã, na província de Elão), vi,
pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai.
3 — E levantei os meus olhos e vi, e eis que um
carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram
altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por último.
4 — Vi que o carneiro dava marradas para o
ocidente, e para o norte, e para o meio-dia; e nenhuns animais podiam estar
diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme
a sua vontade e se engrandecia.
5 — E, estando eu considerando, eis que um bode
vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode
tinha uma ponta notável entre os olhos.
6 — Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas
pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o
ímpeto da sua força.
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos o capítulo 8 do Livro de Daniel. Esta visão, narrada por Daniel,
descreve um conflito entre um carneiro e um bode, numa alusão aos impérios Medo-Persa e Grego. Ao mesmo tempo, a passagem descreve uma
revelação sobre Antíoco Epifânio e a sua representação do Anticristo, nos
tempos do fim.
I. A VISÃO DE UM CARNEIRO E UM BODE
1. Características
da visão. A visão do capítulo 8 ocorre no terceiro ano do reinado de Belsazar,
por volta de 550/549 a.C. Não se tratava de uma visão pelos olhos físicos e nem
imaginação da mente humana, mas uma revelação celestial concedida pelo Senhor
ao seu servo. Em seu vislumbre profético, Daniel se vê na cidadela de Susã, na província de Elão, localizada a cerca de 300 quilômetros
a leste da Babilônia. A expressão “cidadela” alude a um local específico,
referindo-se a uma fortaleza situada em lugar estratégico, que domina e protege uma cidade. Segundo historiadores, Susã
servia como residência de inverno dos reis persas.
É importante
perceber que grande parte da visão é explicada
pelo anjo Gabriel, a quem Deus enviou com o propósito de dar a interpretação a Daniel.
2. O carneiro. O
primeiro animal da visão do profeta é um carneiro
que possuía duas pontas (chifres), simbolizando o Império Medo-Persa (v.20). Os dois chifres compridos do animal, sendo um
maior que o outro, representam a história destes dois impérios que se
unem após a conquista da Média por volta de 550
a.C., dando origem ao Império Aquemênida. O
chifre mais alto (v.3) aponta para a Pérsia, que
apesar de ser posterior ao reino Medo, tornou-se proeminente.
3. Ciro, o Grande.
Este foi o líder persa responsável por essa unificação e, posteriormente, pela
tomada da Babilônia. Trata-se do mesmo Ciro mencionado pelo profeta Isaías (Is
44.28; 45.1) que Deus levantou para colocar fim ao período de exílio dos judeus
na Babilônia (Ed 1.1). Isso porque Deus é soberano e
usa quem Ele quer para cumprir os seus desígnios sobre o seu povo e sobre o
mundo.
De acordo com o
relato de Daniel (vv.4,5), Ciro era um conquistador implacável, sendo
invencível em suas campanhas militares, o que o tornou um líder poderoso. Filho
do rei persa, Cambises, Ciro conseguiu conquistar os territórios da Mesopotâmia, de toda a Ásia Menor
(atual Turquia) e de territórios a leste
da Pérsia (parte ocidental da Índia). Também é conhecido por sua atitude respeitosa em relação aos inimigos derrotados,
tratando os povos conquistados com tolerância.
II. O BODE E
O PEQUENO CHIFRE
1. O bode. O bode
peludo que surge na visão de Daniel e derrota o carneiro é o rei da Grécia (v.21). Na história, ele é identificado
como “Alexandre, o
Grande” (356-323 a.C.), rei da Macedônia. Amplamente reconhecido como um dos
maiores líderes militares da história, graças às suas
conquistas expansivas pelo mundo conhecido na época. Educado pelo filósofo Aristóteles, também difundiu a cultura grega por meio de uma política chamada “helenização”.
O fato do animal surgir “sem tocar no
chão” (v.5) mostra a velocidade da sua expansão. Em doze anos de reinado,
Alexandre tinha um vasto império que se estendia
da Grécia até a Índia.
2. Os quatro
chifres. Alexandre morreu com apenas 33 anos de idade sem sucessor familiar,
cumprindo-se a profecia de que o seu reino seria quebrado e repartido, mas não
para a sua posteridade (cf. Dn 11.8). Os quatro chifres que surgem referem-se à
divisão do reino depois da sua morte (v.22), que
desencadeou uma série de lutas entre os seus generais:
Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco. O império foi então dividido em quatro partes, cada uma governada por um dos
generais. Cassandro reinou na Macedônia; Lisímaco reinou na Trácia e Ásia
Menor; Ptolomeu reinou no Egito e Seleuco reinou sobre a Síria e o restante do
Oriente Médio. Este último reino incluía a Judeia
naquela ocasião e será ele o palco da
sequência da profecia.
3. O pequeno chifre.
Enquanto Daniel observava, viu surgir de um dos quatro chifres um pequeno
chifre, que cresceu rapidamente e se lançou contra o exército do céu (v.10), profanando o santuário.
Historicamente, esse pequeno chifre simboliza Antíoco IV (215-162 a.C.),
pertencente à dinastia selêucida. Embora não fosse herdeiro direto do trono,
Antíoco assumiu o poder após o
assassinato de Seleuco IV Filopátor, em meio a intrigas e disputas. Ao assumir
o trono sírio, mudou o título para Antíoco Epifânio, isto é, “Deus manifestado”,
reinando de 175 a 164 a.C. Dotado de um temperamento cruel e sanguinário, esse
homem cometeu diversas atrocidades contra o povo judeu, buscando o seu
extermínio. Em uma de suas campanhas militares, invadiu Jerusalém e profanou o Templo, conforme a visão de Daniel (vv.10,11).
Posteriormente, proibiu as práticas religiosas judaicas. Isto deu lugar à
Revolta dos Macabeus, liderada por Judas Macabeu.
III. O TEMPO DO FIM
1. Um protótipo do Anticristo. Em razão de suas
características e descrições bíblicas, Antíoco é tido por muitos intérpretes das Escrituras como um tipo de Anticristo, um líder no fim dos
tempos que se levantará contra o povo de Deus e fará coisas semelhantes (vv.23,24).
Conforme o ensino do saudoso Pr. Antônio Gilberto, Antíoco seria o
cumprimento parcial desta visão; o Anticristo, o cumprimento cabal. Suas
características são as de um ditador mundial. Será o último grande governo
mundial da história, identificado em
Apocalipse como a besta que surge do mar (Ap 13.1) - é uma personagem que terá controle sobre dez reinos. Ela representa o
Anticristo e o seu governo (Ap 17.13). Contudo, assim como Antíoco, o
Anticristo também será derrotado, mas não por algum rei
humano, mas pelo próprio Cristo
(v.25). O verso 25 retrata o Armagedom apocalíptico, quando o poder gentílico
mundial sob o Anticristo será sobrenaturalmente destruído por Cristo na sua
vinda.
2. Uma visão
atormentadora. A visão foi tão terrível que Daniel ficou fragilizado, espantado
(v.27) e adoeceu. Afinal, ele viu coisas angustiantes que se abateriam sobre o
mundo e principalmente sobre o seu próprio povo. Por mais espirituais que possamos ser, existem
momentos em que a fraqueza nos abate. Contudo, diz a Bíblia que ele se levantou
e voltou aos seus afazeres perante o rei. Mesmo sabendo que o rei seria
destronado, Daniel não deixou de trabalhar e servir. Isso mostra que o
conhecimento do porvir e a escatologia não podem nos levar a uma fuga da
realidade e das nossas responsabilidades terrenas.
3. Humildade e
confiança diante do futuro. Ao final, Daniel declara que ninguém podia entender aquela visão; estava além da compreensão humana. O profeta foi humilde em reconhecer que nem
mesmo ele tinha todas as respostas. Atitude muito diferente daqueles em nossos
dias que parecem saber tudo sobre os eventos escatológicos, inclusive detalhes irrelevantes baseados em
especulações. O estudo das últimas coisas exige seriedade e cautela (Dt 29.29;
Rm 12.3). Assim como o profeta, precisamos confiar no Senhor. Olhando para o
contexto social e político, era praticamente
improvável conjecturar os fatos futuros, como por exemplo a ascensão da Grécia.
CONCLUSÃO
Ao estudarmos os
últimos eventos mundiais, de acordo com a revelação das Escrituras, somos
tomados pela esperança e a certeza de que Deus está no controle de todas as
coisas. Enquanto isso, vivendo nesse mundo, mantemos nossa responsabilidade
social e afazeres.