TEXTO
CENTRAL
“[...] MENE: Contou Deus o teu reino e o acabou. TEQUEL: Pesado
foste na balança e foste achado em falta. PERES: Dividido foi o teu reino e
deu-se aos medos e aos persas.” (Dn 5.26-28).
PRÁTICAS
PARA A VIDA
O prazer carnal pode
satisfazer momentaneamente, mas o seu fim é a destruição.
OBJETIVOS
•
COMPREENDER como se deu
o banquete de Belsazar e o símbolo do hedonismo;
•
APRESENTAR o relato do enigma na parede;
•
APRENDER a respeito
do cumprimento da sentença divina sobre o rei.
TEXTO BÍBLICO
Daniel 5.1-6,25-31.
1 — O rei Belsazar deu
um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil.
2 — Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer
os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo
que estava em Jerusalém, para que bebessem
neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas.
3 — Então, trouxeram os
utensílios de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em
Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus
grandes, as suas mulheres e concubinas.
4 — Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de
ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.
5 — Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de
homem, e escreviam, defronte do castiçal, na estucada parede do palácio real; e
o rei via a parte da mão que estava escrevendo.
6 — Então, se mudou o
semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos
se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro.
25 — Esta, pois, é a escrita que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.
26 — Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e o acabou.
27 — TEQUEL: Pesado foste na balança e foste achado
em falta.
28 — PERES: Dividido foi o teu reino e deu-se aos
medos e aos persas.
29 — Então, mandou Belsazar
que vestissem a Daniel de púrpura, e que lhe pusessem uma cadeia de ouro ao
pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro no governo
do seu reino.
30 — Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei
dos caldeus.
31 — E Dario, o medo,
ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos.
INTRODUÇÃO
Após a morte de Nabucodonosor II, seu filho
Evil-Merodaque (Jr 52.31-34) assumiu o trono da Babilônia por um curto período.
No entanto, ele foi assassinado por seu cunhado Neriglissar, que então assumiu
o controle do reino. Após o reinado
de Neriglissar, o trono passou para seu filho Labashi-Marduk, que governou por
apenas nove meses antes de ser assassinado. Com a sua morte, Nabonido, genro de
Nabucodonosor, passou a reinar na Babilônia, fazendo seu filho Belsazar como
corregente. Este é o rei mencionado no capítulo 5 do livro
de Daniel, responsável por organizar um banquete extravagante e depravado para
mil dos seus nobres. Nesta lição, estudaremos sobre este episódio, que realça os perigos da busca pelo prazer e as
consequências da indiferença para com as coisas santas de Deus.
I. O
BANQUETE DE BELSAZAR E O HEDONISMO
1. Uma festa carnal
e irresponsável. No decorrer da festa carnal, o rei, embriagado, ordenou que
fossem trazidos os vasos de ouro e prata saqueados do templo em Jerusalém pelo rei Nabucodonosor (5.2,3). De forma irresponsável, Belsazar e
seus convidados profanaram esses vasos sagrados ao utilizá-los para beber vinho
e render culto aos seus ídolos. Nesta ocasião, enquanto Nabonido encontrava-se
ausente da Babilônia, Belsazar promovia o seu festejo com mulheres e amigos,
satisfazendo as suas paixões, mesmo diante de um momento conturbado para o Império Babilônico. Na ocasião, os medo-persas
preparavam a invasão da cidade. Segundo historiadores, a festa teria sido
realizada como forma de demonstração de confiança perante os exércitos de Ciro.
2. Uma festa
profana. Como muitos, Belsazar deixou-se levar pelos desejos e pela
imprudência. Seu festim degenerado, regado de luxúria, bebida e muita comida,
acabou por profanar os utensílios sagrados de Israel. Tendo crescido no
palácio, Belsazar tinha consciência do que estava fazendo e, possivelmente,
sabia da humilhante experiência de Nabucodonosor com Deus (cf. 5.22). Porém, ainda assim, resolveu deliberadamente cometer um ato de sacrilégio, demonstrando falta de reverência em desafio direto às leis divinas.
3. O perigo do
hedonismo. O banquete extravagante de Belsazar simboliza a busca pelo prazer
carnal e a indiferença espiritual na sociedade atual, imersa em uma cultura
orientada ao prazer. O hedonismo é uma doutrina e, ao
mesmo tempo, uma forma de viver que coloca o prazer como o principal objetivo
da vida. Os hedonistas defendem que a coisa mais importante na vida é a conquista do prazer e a fuga do sofrimento, de sorte que a primeira
pergunta que fazem não é: “Isto é correto?”, mas sim: “Trará prazer?”.
Hoje, vemos muitas
manifestações onde o prazer imediato e a busca por satisfação pessoal superam
considerações morais e espirituais. Isso se reflete em comportamentos
libertinos na sexualidade, no uso de drogas, na exploração de outros para uso
pessoal e uma mentalidade de gratificação instantânea.
Vivemos uma época de excessos, na qual as pessoas
têm acesso, sem precedentes, a estímulos de alta recompensa e alta dopamina:
drogas, comida, notícias, jogos, compras, sexo, redes sociais etc. O desafio
humano atual não é a escassez, mas o excesso. Pesquisas
têm demonstrado que o excesso de prazer está deixando as pessoas infelizes. O
exagero de estímulos leva a comportamentos viciantes e compulsivos. As
Escrituras oferecem várias advertências em relação a esses comportamentos. Em
Eclesiastes 2.10-11, o rei Salomão, que buscou prazeres mundanos em sua busca
de sabedoria, conclui que tudo é vaidade. Em Gálatas
5.19-21, o apóstolo Paulo adverte
contra as obras da carne, que incluem “orgias” e “bebedices”.
II. O ENIGMA
NA PAREDE
1. A escrita na
parede. Enquanto o rei e seus convidados se alegravam em seus prazeres,
subitamente algo misterioso aconteceu. Apareceram uns dedos de mão humana que começaram a escrever na
parede do palácio do rei (5.5). A euforia deu lugar ao silêncio e o pavor tomou
conta de todos. O rei ficou tão assustado que seu rosto empalideceu, seus
joelhos batiam um no outro e as pernas vacilaram.
2. O enigma. A
escrita era um enigma para todos, incluindo o próprio rei Belsazar. Como era comum, ele chamou os sábios da
Babilônia e prometeu que aquele que conseguisse interpretar a escrita receberia
honras e seria o terceiro em comando no reino. Isso reforça que Nabonido era o
primeiro e Belsazar o segundo (5.7). Porém, apesar
dos esforços, nenhum deles foi capaz de interpretar a escrita misteriosa na
parede. Isso deixou o rei ainda mais angustiado e aterrorizado, pois ele sabia
que esse evento incomum tinha um significado profundo e possivelmente uma
mensagem divina.
3. Daniel é chamado. Diante de mais esse momento de crise, a rainha se lembra de
Daniel e faz referência do seu nome ao rei (5.10,11). Nessa ocasião, o profeta
não é mais um moço, mas um senhor de idade avançada.
Ainda assim, temente e fiel a Deus. Em primeiro lugar, isso mostra que o
testemunho de Daniel era conhecido, a ponto de ser lembrado por alguém por suas qualidades. Em que ocasiões você tem sido lembrado? Somente em momentos de festas, ou em
momentos em que alguém precisa de ajuda espiritual? Em
segundo lugar, mostra que Daniel havia amadurecido na presença de Deus. Uma
juventude de fidelidade ao Senhor tem consequências para a vida toda.
III. A SENTENÇA DIVINA
1. A conduta de
Daniel. Ao ser introduzido diante do rei, é importante perceber que Daniel é chamado pelo
seu nome hebreu (5.13) e não pelo apelido babilônico. Afinal, os anos haviam se
passado, mas o servo de Deus não havia perdido a sua identidade, inclusive para
os outros. Nessa ocasião, novamente aprendemos com a conduta de Daniel. Ele fez
questão de deixar claro que o rei poderia ficar com os seus presentes (5.17).
Era uma forma de dizer que a sua presença ali e a sua
interpretação do sonho não se devia a qualquer benefício material que
pudesse receber. Em dias em que falsos profetas vivem de benefícios e
profetizam de acordo com a conveniência daquilo que podem lucrar, fazendo negócio da obra de Deus, a ação de Daniel é um
importante lembrete de como o servo do Senhor deve proceder. Além disso, mesmo diante do rei e podendo ser morto, o profeta não suaviza
a sua mensagem. Ele exorta Belsazar sobre a sua prepotência e pelo pecado que
cometeu (5.22,23). Era o mesmo Daniel que havia advertido Nabucodonosor.
2. O significado da
escrita. Daniel faz saber o teor da escrita na parede e a sua interpretação:
MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. A primeira palavra estava repetida — MENE, MENE — e significava “contar ou
contado”. A palavra TEQUEL tinha o sentido de “pesado”. A última palavra, PARSIM, significava “dividido”
(Dn 5.25). Para interpretar a mensagem. Daniel usou o termo “PERES”, palavra com o mesmo sentido de PARSIM. A mensagem,
portanto, era um veredicto claro: o juízo de Deus havia chegado sobre o rei e
sobre o Império Babilônico!
3. O juízo
concretizado. O juízo divino se abateu rapidamente. Naquela mesma noite a
palavra se cumpriu e o rei foi morto pelos caldeus (5.30). Dario entrou e tomou
a cidade da Babilônia. A festa se converteu em pranto. O prazer momentâneo deu
lugar ao sofrimento. Belsazar morreu sem se arrepender de seus pecados. Os
medos e os persas passariam a reinar no lugar do império da Babilônia. Deus, mais uma vez, demonstrou a
sua soberania sobre os reis da Terra e a consequência destruidora do prazer
carnal.
Ao reconhecermos as
armadilhas do hedonismo e da busca desenfreada por prazer, podemos escolher um
caminho de equilíbrio, autocontrole e busca de valores espirituais. Em Gálatas
5.22-23, Paulo destaca o fruto do Espírito, que inclui o autocontrole, e a importância
de viver de acordo com esses princípios para evitar a destruição espiritual.
CONCLUSÃO
Em resumo, a história de Belsazar em Daniel 5 serve como um
lembrete de que o hedonismo desenfreado e a indiferença espiritual podem levar
a consequências destrutivas. O deleite e a satisfação do cristão não estão nas coisas materiais e deste mundo, mas em
Deus. Em Cristo, temos vida abundante (Jo 10.10).