TEXTO CENTRAL
“Eis
que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da
fornalha de fogo ardente e da tua mão, ó
rei.” (Dn 3.17).
PRÁTICAS PARA A VIDA
Se demonstrarmos a coragem de recusar a
idolatria, podemos confiar que Deus nos protegerá.
OBJETIVOS
•
NARRAR o episódio em que o rei mandou construir a estátua de
ouro;
•
INSPIRAR-SE
com a coragem dos amigos de Daniel;
•
COMPREENDER
o conceito de idolatria e a sua aplicação atualmente.
INTRODUÇÃO
Nesta lição trataremos do episódio em que Ananias, Misael e Azarias resistem
bravamente à ordem de Nabucodonosor para que todos adorassem a estátua de ouro
por ele erigida. Esse é um
relato de como três jovens tementes a Deus ousam enfrentar um monarca tirano e
totalitário que procurou impor sua religião a todas as pessoas. Mesmo ameaçados
de morte, eles não negaram ao Deus Altíssimo, preferindo enfrentar a fornalha
ardente. Neste estudo, além de
inspirados pela resistência dos jovens hebreus, seremos advertidos sobre os
cuidados com as formas sutis de idolatria que procuram retirar a centralidade
de Deus de nossas vidas.
I. O REI TOTALITÁRIO MANDA
CONSTRUIR UMA ESTÁTUA DE OURO
1. O endeusamento do rei. Ao longo da história muitos homens tentaram assumir a posição de
deuses, em busca de glória
e reverência. Envenenado pelo poder, Nabucodonosor também fez isso. O monarca mandou construir no campo
de Dura uma estátua de ouro com mais de vinte e sete metros de altura. O fato
de ter ouvido anteriormente que ele era a cabeça de ouro da estátua de seu próprio sonho seria a causa dessa soberba construção? A Bíblia não dá detalhes
sobre isso. Também não
menciona de quem era a representação da imagem, se dele mesmo ou se de alguma
de suas divindades. Seja como for, vemos aqui um ato extremo de auto-exaltação e demonstração de poder. Muitas vezes
a religião é somente
um pretexto para alguém
esconder o desejo de ser notado pelo mundo, usando-a para fins egoístas. Não
era incomum também entre
os monarcas babilônios o levantamento de imagens em sua própria honra.
2. Em busca de adoração. O rei extravagante
mandou convocar todas as autoridades do seu reino para comparecerem à cerimônia de consagração da imagem levantada. Mais
que um simples convite, era uma ordem! Dessa forma ele queria impor sua religião
a todos. Além da
presença, todos deveriam se prostrar em adoração diante da suntuosa imagem
assim que os instrumentos fossem tocados. A estátua sobrepujava um objeto
arquitetônico; era um ídolo que deveria ser reverenciado por todos os súditos,
tanto que a palavra “adorar”
(hb. sãghadh)
é mencionada diversas vezes
(vv.5-7,10-12,14,15,18,28). A punição para o descumprimento seria a morte
dentro da fornalha.
A solenidade é extravagante e pomposa. Assim que os
instrumentos musicais fossem tocados, todos, incluindo as autoridades, deveriam
se prostrar e adorar a imagem levantada pelo rei.
3. A ausência de Daniel. Daniel não é mencionado neste episódio. Onde estava e o que fazia na ocasião não é revelado. Mesmo aqui extraímos algumas lições.
O fato dele não estar diretamente envolvido nesse relato, apesar de ser o
personagem humano principal no livro, indica que a coragem e a fé não eram exclusivas dele. Mostra que a fé e a fidelidade ao Senhor eram qualidades
compartilhadas igualmente pelos outros jovens judeus. Além disso, o fato de Daniel, autor do livro, ter
registrado o episódio
sem a sua presença, demonstra sua humildade ao não se colocar como a única
testemunha fiel na Babilônia, mas sim como alguém que deseja transmitir as lições e os exemplos
de fé de seus companheiros. A
fidelidade não é exclusiva
de alguém. Da mesma forma, não
existem heróis solitários na vida cristã e sempre há alguém
com que podemos contar. A igreja é um
corpo, formado por muitos membros (Rm 12.4,5).
II.
A CORAGEM DOS AMIGOS DE DANIEL
1. A denúncia e o perfil dos acusadores. Diante
do decreto, alguns caldeus (3.8) se dirigem ao rei e denunciam o trio de jovens
hebreus, dizendo: “Há
uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego; esses homens, ó rei, não fizeram caso de ti: a teus
deuses não servem, nem a estátua de ouro, que levantaste, adoraram” (3.12). Em
primeiro lugar, as palavras dos acusadores revelam que eram invejosos, ao mencionar
a posição privilegiada que os jovens judeus conquistaram em tão pouco tempo. Em
segundo lugar, eram bajuladores, ao apelarem para o ego do rei (“não fizeram caso de ti”). Em terceiro lugar,
eram ingratos, porquanto se esqueceram que eles tiveram a vida poupada pela
intervenção de Daniel e destes jovens que agora denunciam (2.24).
2. A bravura dos jovens. Tomado de fúria, o rei
manda chamar os três rapazes e lhes dá o ultimato: se adorassem a estátua
estariam livres; do contrário seriam lançados imediatamente na fornalha. Em sua
prepotência, ainda diz: “[...]
e quem é o Deus que vos poderá livrar
das minhas mãos?” (v.15). Mostrando profunda convicção e força
de caráter, que se manifesta em crentes sinceros que não se acovardam (2Tm
1.7), os três rapazes rejeitam até mesmo
se defender. Eles não precisam se justificar diante da injustiça; é Deus quem os justifica (Rm 8.33). Com bravura,
afirmam que se forem lançados na fornalha Deus os livrará. E mesmo se isso não ocorresse,
em hipótese
alguma iriam cultuar a imagem (v.18). Não negociaram a fé. Mesmo que as pessoas mais influentes tivessem
cedido e ainda que a multidão tenha se curvado à estátua, eles não o fariam.
Tal resposta mostra que estes jovens eram novos em idade, mas maduros na fé. Sabiam que eventualmente, dependendo da
vontade de Deus, estariam preparados para a morte. Preferiam morrer a ceder ao
pecado!
3. O Deus que salva na fornalha. Nabucodonosor
mandou aquecera fornalha sete vezes mais, e determinou que os moços fossem
amarrados e jogados dentro dela. E o milagre acontece. O próprio rei percebeu que eles não estavam sós, mas havia um quarto homem com eles, com aparência
divina. Eles estão vivos, e caminham livremente pelo fogo (v.25). O fogo
queimou as cordas, mas eles estão ilesos. O Senhor permite que passemos por
vales e provações, mas sempre está conosco (Is 43.2; Mt 28.20). Como resultado
da fidelidade e bom testemunho dos jovens, o rei, agora, em vez de exigir adoração,
louva a Deus (v.28). Quando o crente é fiel,
o Senhor é exaltado.
Quando o crente honra a Deus, Deus também
o honra (v.26).
III.
IDOLATRIAS E FORNALHAS DO TEMPO PRESENTE
1. O pecado da idolatria. Tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento a Palavra de Deus adverte enfaticamente sobre a
idolatria (Dt 5.7; 1Co 10.14; Gl 5.20; 1Pe 4.3). É um pecado grave que viola o
primeiro mandamento (Êx 20.3). É a adoração a um ídolo, uma imagem ou qualquer
outra coisa que seja considerada um falso deus ou objeto de adoração no lugar
do Deus verdadeiro. Por essa razão, os jovens hebreus se negaram a atender à ordem
do rei. A sua nação estava sendo castigada pelo Senhor por causa da idolatria,
e eles não estavam dispostos a cometer o mesmo erro do povo. Eles não chegaram
a considerar sequer a possibilidade de realizar uma adoração falsa em público
enquanto mantinham a fé em Deus
dentro de seus corações. Sabiam eles que qualquer forma de compromisso com a
idolatria já era uma negação de Deus, pois o verdadeiro testemunho é baseado na integridade, expresso pelos lábios e
guardado no coração.
2. Tipos de idolatria. Além da devoção religiosa a falsos deuses e
imagens de escultura, a idolatria também
pode se manifestar em várias outras condutas que excluem a primazia do Senhor
da vida:
a) Autolatria. Forma de
idolatria própria
que conduz ao egoísmo, ao individualismo e ao narcisismo. Quando o ego e a
autoimagem são colocados acima de tudo, as pessoas se tornam amantes de si
mesmas (2Tm 3.2).
b) Culto à
personalidade. Valorização e veneração
excessiva de outras pessoas, tais como figuras públicas, artistas, influencers
e até mesmo religiosos. Paulo
combateu esse tipo de prática que levava ao partidarismo na igreja de Corinto
(1Co 1.12,13).
c) Amor ao dinheiro e à riqueza. A busca
desenfreada por riqueza e o foco no dinheiro como o principal objetivo da vida.
Jesus disse que ninguém pode
servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a
um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (Mt 6.24).
d) Idolatria política.
Esse pecado também se
manifesta na supervalorização de ideias e formas de pensamento segundo a tradição
dos homens (Cl 2.8). Em nossos dias, novas formas de idolatria se escondem em
ideologias políticas que prometem algum tipo de salvação ou redenção humana.
Devemos ter a convicção de que nenhum homem, partido e nem mesmo o Estado é capaz de salvar. Só temos um Deus e Salvador!
3. As novas fornalhas. Nabucodonosor não foi o único
governante a exigir das pessoas lealdade absoluta. Esse tipo de regime totalitário
aconteceu diversas vezes na história,
transformando o Estado ou o líder político em objeto de reverência absoluta,
por meio do culto à personalidade. É um sistema no qual o governo possui
controle sobre todos os aspectos da vida dos cidadãos, e não há espaço para oposição política ou liberdades
individuais. Em muitos casos, a religião é distorcida
e usada como instrumento desse tipo de regime.
Em nossa cultura ocidental, os cristãos estão sendo empurrados para
formas atualizadas de fornalhas ardentes. Elas não queimam o corpo, mas tentam
destruir a fé. a
espiritualidade e as convicções daqueles que servem ao Deus das Escrituras.
Pensamentos totalitários procuram jogar os cristãos para a morte na cultura,
caso não adoremos os seus ídolos. As fornalhas são novas, mas a estratégia é antiga.
Vale a pena seguir o exemplo dos jovens hebreus e batalhar pela fé.
CONCLUSÃO
Muitos anos se passaram desde o episódio em que os jovens hebreus enfrentaram a ameaça
de serem lançados em um forno ardente por não adorarem a estátua do rei. Hoje,
a Igreja de Cristo se depara com pressões para ceder às ideologias
prejudiciais. E essencial encontrar a coragem de resistir a essas pressões idólatras
evidentes e, ao mesmo tempo, discernimento para evitar a adoração de Ídolos que
sutilmente se ocultam em outras formas de expressão.