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Ministração 6. A desconstrução da masculinidade bíblica

 

TEXTO CENTRAL

 

E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.” (Gn 2.15).

 

PRÁTICA PARA A VIDA

 

O homem foi criado com qualidades que expressam virilidade, responsabilidade e liderança.

  

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Rute 4.7-12.

 

7 Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto à remissão e contrato, para confirmar todo negócio, que o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel.

8 Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.

9 Então, Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom da mão de Noemi;

10 e de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herdade, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas.

11 E todo o povo que estava na porta e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Leia, que ambas edificaram a casa de Israel; e há-te já valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém.

12 E seja a tua casa como a casa de Perez (que Tamar teve de Judá), da semente que o Senhor te der desta moça.

 

INTRODUÇÃO

 

O conceito progressista de ruptura dos padrões bíblicos atua na desconstrução da masculinidade. Assim, os marcos judaico-cristãos do papel do homem são questionados. Nesse contexto, a masculinidade é relativizada e o modelo bíblico de homem, desconstruído. Nesta lição, apresentaremos o mandato divino para o homem, as ofensivas de desmasculinização e o exemplo de masculinidade bíblica que Deus requer do homem cristão.


 

 

I. A MASCULINIDADE BÍBLICA

 

1. A criação divina do ser humano. Deus é o Criador de todas as coisas nos céus, na terra e no mar (Gn 1.1; At 4.24). A Escritura registra que Ele criou o ser humano e o definiu pelo sexo: macho e fêmea, homem e mulher (Gn 1.27). Essa diferenciação visa ao complemento mútuo na união conjugal e ao desempenho dos papéis divinamente designados a cada um (1Co 11.11,12). Desse modo, pode-se afirmar que nenhuma outra criatura foi feita como o ser humano. Os peixes, as aves e todos os outros animais foram produzidos segundo a sua espécie” (Gn 1.21,24,25). Entretanto, ao criar o ser humano, Deus o fez olhando para si mesmo, isto é, sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26). Por conseguinte, o ser humano é considerado a coroa da Criação.

2. Características da masculinidade. As Escrituras revelam um conjunto de características do papel do homem na história, bem como segundo a sua constituição biológica. Ao criar o homem, Deus lhe confiou duas tarefas primárias e essenciais: cultivar e guardar (Gn 2.15). Esses dois termos resumem o mandado divino para o comportamento masculino. Significa que as funções de provedor e protetor são próprias da natureza do homem. Nesse sentido, Paulo ratifica que cabe ao homem proteger sua esposa e família, bem como prover-lhes uma vida digna (Ef 5.28-30). Ressalta-se que a masculinidade bíblica” enaltece o amor e o cuidado em relação à mulher e que o machismo” a inferioriza e a desonra. Nesse aspecto, a Bíblia ensina ao homem a honrar a mulher com toda a dignidade (1Pe 3.7).

3. A liderança masculina. Deus confiou ao homem a responsabilidade da liderança (Gn 1.26; 3.16). Na Bíblia, Deus é a cabeça de Cristo; Cristo é a cabeça do homem; e o homem é a cabeça da mulher (1Co 11.3). O movimento feminista, de viés neomarxista, considera esse modelo como um sistema machista opressor para com a mulher. Ao contrário dessa falácia, o apóstolo Paulo revela que o homem deve liderar a sua casa do mesmo modo que Cristo lidera a Igreja (Ef 5.29). Uma vez que Cristo se entregou pelo bem-estar da Igreja, a liderança masculina requer a prática de algum tipo de sacrifício pela mulher (Ef 5.25b). Nesse sentido, no exercício da liderança, o homem deve evidenciar virtudes, tais como: fortaleza, sabedoria, coragem, amor e respeito (Jz 6.14; 2Cr 1.10; Ne 6.11; Jo 15.12,13).


 

II. A EROSÃO DA MASCULINIDADE

 

1. Apologia à homossexualidade. Em tempos pós-modernos, a ideologia de gênero” faz contínuas investidas de legitimação da homossexualidade. Esse conceito ignora as características físicas e biológicas, alegando que o ser humano nasce sexualmente neutro. Essa concepção invalida a criação divina da raça humana como ser binário masculino” e feminino” (Gn 1.27). Ensina que a identidade de gênero e a orientação sexual independem da anatomia do corpo. Assim, não aceita que os órgãos do sistema reprodutor humano sirvam de parâmetro para a sexualidade. Como consequência, a sexualidade antinatural é incentivada (Rm 1.26,27). Disso decorre uma crise do comportamento masculino no tempo presente (1Co 6.10).

2. Responsabilidade negligenciada. Em virtude da relativização da masculinidade, o modelo bíblico vem sendo abandonado. A identidade masculina, que deveria estar associada à virilidade, à capacidade de prover e proteger a família, é substituída por indivíduos de duplo ânimo, vacilantes e inconsequentes (Tg 1.8). Uma parcela é incapaz de sustentar a sua própria casa, não pelo desemprego, mas pela aversão ao trabalho (Pv 21.25). Os efeitos desse comportamento resultam em inúmeros casos de desajustes familiares e divórcio.

3. Crise de liderança. A crise de masculinidade tem gerado homens incapazes de exercer liderança. Uma sociedade sem líderes eficazes transforma-se em anarquia. No período do profeta Ezequiel, Jerusalém estava imersa na corrupção, fraudes, mentiras, opressão, extorsão, imoralidade, injustiça e violência (Ez 22.2-13). Deus revelou ao profeta que uma das causas do juízo iminente era crise de liderança e que procurava alguém para reverter a situação (Ez 22.30). Nesse caso, Deus ainda procura esse tipo de homem na atualidade (1Rs 2.2).


 

III. BOAZ: SÍMBOLO BÍBLICO DE MASCULINIDADE

 

1. Modelo de generosidade. Boaz é um grande símbolo de masculinidade bíblica. Ele era um parente de Elimeleque, o falecido esposo de Noemi (Rt 2.1). Esta perdera o marido, os filhos e ficara apenas com a moabita Rute, uma de suas noras, também viúva e sem filhos (Rt 1.3,5,16). Para sobreviver, Rute foi trabalhar no campo de Boaz (Rt 2.3,5,6). Ao saber que Rute deixara a sua terra para apoiar a sogra, Boaz a tratou com generosidade (Rt 2.11,12). Ele se dirigiu a ela com ternura (Rt 2.8); a protegeu para não ser molestada (Rt 2.9); a alimentou (Rt 2.14); e ordenou que fosse favorecida na colheita (Rt 2.15,16). Porém, pela lei, uma viúva sem filhos só poderia ser resgatada pelo casamento com um parente próximo do falecido (Dt 25.5,6; Rt 4.9,10). Assim, apesar da compaixão de Boaz, Noemi e Rute ainda estavam em apuros.

2. Modelo de responsabilidade. Ao prometer resgatar Rute e a herança de Elimeleque, Boaz estava ciente que o direito era de um parente mais próximo que ele (Rt 3.12,13). Assim, movido pelo senso de responsabilidade, liderança e honra, Boaz levou o caso aos anciãos (Rt 4.1,2). Na audiência, explicou que as terras estavam à venda e aquele que as comprasse deveria casar-se com Rute (Rt 4.4,5). O parente que tinha a primazia autorizou Boaz a comprar as terras e se casar com a moabita (Rt 4.6,9,10). Ao adquirir a propriedade e tomar Rute por mulher, Boaz tornou-se o provedor e protetor daquela família (Rt 4.13-16). O casal gerou a Obede, avô do Rei Davi de cuja linhagem nasceu o Cristo (Rt 4.22; Mt 1.5,6,16). Boaz é símbolo de masculinidade enquanto marido, pai e líder exemplar.


 

CONCLUSÃO

 

Deus criou o ser humano com dois gêneros: masculino e feminino (Gn 1.27). Por isso, a diferenciação dos sexos é um princípio determinado pela criação divina (Gn 2.23). Nesse sentido, a masculinidade é um conjunto de atributos e funções inerentes ao homem. Já a desmasculinização decorre da inversão dos papéis do homem na sexualidade, na liderança e na prática de seus deveres. A masculinidade bíblica exige o autocontrole, sacrifício e firmeza de caráter no encargo de suas tarefas. Nesse aspecto, a sociedade, a família e a igreja esperam por homens que honrem a sua masculinidade e exerçam o papel que Deus os vocacionou a desempenharem.