TEXTO
CENTRAL
“E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz
um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.” (Lc 1.31).
PRÁTICAS
PARA A VIDA
A concepção divina de
Jesus Cristo sacraliza a vida no ventre materno e se opõe à cultura da morte infantil intrauterina do presente século.
LEITURA
BÍBLICA
Lucas 1.26-33,39-45.
26 — E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel
enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
27 — a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o
nome da virgem era Maria.
28 — E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve,
agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
29 — E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e
considerava que saudação seria esta.
30 — Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus,
31 — E eis que em teu ventre
conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
32 — Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe
dará o trono de Davi, seu pai,
33 — e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim.
39 — E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá,
40 — e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.
41 — E aconteceu que, ao ouvir
Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi
cheia do Espírito Santo,
42 — e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu
ventre!
43 — E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
44 — Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua
saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.
45 — Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as
coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas!
INTRODUÇÃO
Deus é o autor supremo da vida
(Gn 2.7). Por isso, as Escrituras a valorizam desde a concepção no ventre
materno (Sl 139.13-16). Assim, toda ideologia que tem o objetivo de alterar o
conceito da vida, desqualifica a autoridade bíblica e faz apologia à cultura de morte infantil no útero. A ideia progressista, que reivindica ao ser humano
a autonomia sobre a vida, afronta a soberania divina. Nesta lição, estudaremos
a concepção sobrenatural de Jesus Cristo, a apologia ideológica da cultura da morte e
o conceito da sacralidade da vida no útero materno.
I. A
CONCEPÇÃO DE CRISTO
1. O anúncio do nascimento. Uma virgem comprometida em casar-se
com José,
chamada Maria, recebe a visita do anjo Gabriel em Nazaré (Lc 1.26,27). O ser
angelical lhe faz uma revelação: “em teu ventre conceberás, e darás à luz
um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.31). Diante do
inusitado, Maria indaga: “como se fará isso, visto que não conheço varão?” (Lc 1.34). A pergunta demonstra a perplexidade da virgem
de como se daria a concepção sem a participação de um homem. No Evangelho, a
menção à cidade de Nazaré é profética (Lc 1.26), pois o Cristo seria chamado de “nazareno” (Mt 2.23). Lucas ainda enfatiza a virgindade da donzela e
a descendência de José “da casa de Davi” (Lc 1.27b). Essas informações integram as profecias messiânicas e tornam fidedigno o relato bíblico (Is 7.14; Sl 89.3,4).
2. A miraculosa
concepção. O anjo Gabriel explica a Maria que
a concepção seria singular e miraculosa: “descerá sobre ti o Espírito Santo” (Lc 1.35a) e, por isso,
declara que o menino, “o Santo, […] será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35b). A jovem não pediu sinal algum, mas o anjo lhe
comunica da gravidez de Isabel como um incentivo à sua fé: “tua prima, concebeu um
filho em sua velhice” (Lc 1.36a). O testemunho
das Escrituras de mulheres estéreis que ficaram grávidas preparou o mundo
para crer e receber o milagre da concepção de Jesus por meio de uma virgem. A
respeito dessa realidade, o anjo endossa ao se referir à gestação de Isabel: “é este o sexto mês para aquela que era
chamada estéril” (Lc 1.36b). Ao finalizar a mensagem, Gabriel completa: “porque para Deus nada é impossível” (Lc
1.37).
3. A bênção do nascimento. A vida
gerada no ventre de uma mulher é um milagre (Ec 11.5), pois Deus dotou o ser humano com a
dádiva da procriação (Gn
1.28). Por isso, o nascimento de filhos é uma recompensa divina (Sl 127.3). Contudo, sem o dom da
fertilidade, um ventre estéril torna-se obstáculo para a vivência da maternidade (Gn 30.1,2). Assim, a relevância da gestação e a sacralidade da vida no ventre da mãe são endossadas quando a Bíblia registra a gravidez miraculosa de Maria e de Isabel;
uma virgem e outra de idade avançada (Lc 1.34,36). Isabel
trazia João no seu ventre, que
nasceu com o objetivo de preparar ao Senhor um povo bem-disposto (Lc 1.15-17).
Maria portava em seu ventre o Filho do Altíssimo, o Rei eterno (Lc
132,33), que nasceu para ser o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lc
2.11).
II. A CULTURA DA MORTE
1. O projeto ideológico. A cultura da morte é um conjunto de ideias que
visa modificar o conceito bíblico da vida. Entre suas
pautas estão a legalização do aborto e da eutanásia, apologia ao suicídio e o controle da natalidade. Mediante estratégias culturais, intelectuais
e políticas, impõe-se uma agenda
de desconstrução da sacralidade da vida, algo caro à cultura cristã,
como vimos no tópico anterior (cf. Lc
1.31). Nesse sentido, estimula-se a “eugenia”: o descarte do ser humano
com alguma má formação ainda no útero materno; a
maternidade é depreciada a fim de que a mulher não deseje ser mãe; o
conceito de saúde reprodutiva é modificado para justificar
o aborto como medida de saúde feminina; o direito à vida no útero é substituído pelo direito incondicional da mulher sobre o próprio corpo, que por meio
do aborto decreta a morte do fruto de seu ventre.
2. O direito sobre o
corpo. A cultura pós-moderna insiste que é direito do ser humano
exercer autonomia sobre o próprio corpo. Essa ideia é de liberdade total ao
controle individual sobre a constituição física e o comportamento humano. O slogan “meu corpo, minhas regras”
é utilizado em defesa das liberdades sexuais e reprodutivas, bem como para a
escolha de vida ou de morte. Nessa percepção estão os “direitos” à prostituição, ao aborto, à eutanásia, ao suicídio e outros. Qualquer
opinião contrária é considerada violação da liberdade humana. Nesse quesito,
as Escrituras asseveram que o corpo deve ser nutrido e respeitado (Ef 5.28,29);
que embora livre, o ser humano não tem o direito de profanar o seu corpo (1Co
6.13); e que a vida só tem sentido quando está sob o domínio de Cristo (Gl 2.20).
3. A prática do aborto. O aborto é a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do
feto, é o ato
de descontinuar a gestação do ser vivo. O termo gestação vem do latim “gestacione” e se refere ao tempo em que o embrião fica no útero, desde a concepção até o nascimento. Nesse caso, o aborto pode ser não
intencional ou provocado no período de gestação. Na lei
mosaica, provocar a interrupção da gravidez da mulher era um ato criminoso (Êx 21.22,23). No sexto mandamento, o homem é proibido de matar, o que
significa literalmente “não assassinar” (Êx
20.13). Os intérpretes do Decálogo concordam que a
proibição do aborto está incluída neste mandamento. Assim, quem mata um embrião ou feto
atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no ventre materno.
III. A SACRALIDADE DA VIDA
1. A vida é inviolável. A vida humana é sagrada, pois ela é um ato criativo de Deus, o autor e a fonte originária do fôlego da vida (Gn 2.7; Jó 12.10). Nessa perspectiva, o princípio de sacralidade assegura a dignidade da pessoa humana
e a inviolabilidade do direito à vida (Sl 36.9; 90.12).
Portanto, o valor da vida é absoluto e deve se sobrepor a qualquer outro direito ou
interesse (Jo 10.10). Nesse aspecto, o princípio de defesa da vida humana, desde a concepção no útero materno, não
pode conter exceções. Somente Deus tem poder sobre a vida e a morte (1Sm 2.6).
Em uma sociedade secularizada, o cristão precisa tomar cuidado com o
relativismo, não fazer concessões e estar alerta quanto às ações de manipulação de sua
consciência e o desrespeito à vida humana (2Co 4.2; 1Tm 4.1,2).
2. O começo da vida. As Escrituras são incisivas ao afirmarem o início da vida desde a concepção: o profeta Jeremias afirma
que a vida tem início na fecundação (Jr
1.5); o rei Davi corrobora que a pessoa é conhecida e cuidada pelo Senhor desde a concepção (Sl
139.13); Deus é quem forma o ser vivo dentro do ventre da mãe (Sl
139.14). Ainda, o salmista afirma que Deus vê o embrião ainda informe e o ama em todos os processos
formativos da vida intrauterina, desde a fecundação até o nascimento e por toda a
sua vida (Sl 139.15,16). Por conseguinte, de acordo com as Escrituras, a vida
começa quando ocorre a união do
gameta masculino ao feminino. Essa nova célula é um ser humano e possui
identidade própria e, portanto, o seu direito de nascer não pode ser
interrompido por vontade, desejos ou caprichos humanos (Dt 32.39; Rm 9.20).
3. A posição cristã. A
igreja que mantém o princípio teológico da autoridade bíblica (2Tm 3.16) defende a dignidade humana e a
inviolabilidade da vida desde a sua concepção. Ensina que a vida humana é sagrada em todas as etapas
do desenvolvimento da vida e que não pode ser violada por nenhum tipo de cultura
(1Sm 2.6). Ratifica que toda ideologia que seculariza os princípios bíblicos deve ser combatida
(2Tm 3.8).
CONCLUSÃO
A gestação e a procriação do ser humano são bênçãos divinas (Gn 9.7). A concepção de Cristo no ventre de
uma virgem certifica a sacralidade da vida intrauterina. A interrupção da vida
em qualquer fase da gravidez é uma agressão ao direto inviolável de nascer. A valorização da dignidade humana, o
direito à vida e o cuidado à pessoa vulnerável
são princípios imutáveis do cristianismo bíblico (Jo 10.10). Acerca do assunto, a Bíblia assegura que Deus é o autor e o detentor da
vida humana (Jó 12.10).