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Ministração 5: A dessacralização da vida no ventre materno

TEXTO CENTRAL

 

E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.” (Lc 1.31).

 

PRÁTICAS PARA A VIDA

 

A concepção divina de Jesus Cristo sacraliza a vida no ventre materno e se opõe à cultura da morte infantil intrauterina do presente século.

  

LEITURA BÍBLICA 

Lucas 1.26-33,39-45.

 

26 E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,

27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.

28 E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.

29 E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e considerava que saudação seria esta.

30 Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus,

31 E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.

32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai,

33 e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim.

39 E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá,

40 e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.

41 E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo,

42 e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre!

43 E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?

44 Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.

45 Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas!

  

INTRODUÇÃO

 

Deus é o autor supremo da vida (Gn 2.7). Por isso, as Escrituras a valorizam desde a concepção no ventre materno (Sl 139.13-16). Assim, toda ideologia que tem o objetivo de alterar o conceito da vida, desqualifica a autoridade bíblica e faz apologia à cultura de morte infantil no útero. A ideia progressista, que reivindica ao ser humano a autonomia sobre a vida, afronta a soberania divina. Nesta lição, estudaremos a concepção sobrenatural de Jesus Cristo, a apologia ideológica da cultura da morte e o conceito da sacralidade da vida no útero materno.


  

I. A CONCEPÇÃO DE CRISTO

 

1. O anúncio do nascimento. Uma virgem comprometida em casar-se com José, chamada Maria, recebe a visita do anjo Gabriel em Nazaré (Lc 1.26,27). O ser angelical lhe faz uma revelação: em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus(Lc 1.31). Diante do inusitado, Maria indaga: como se fará isso, visto que não conheço varão?(Lc 1.34). A pergunta demonstra a perplexidade da virgem de como se daria a concepção sem a participação de um homem. No Evangelho, a menção à cidade de Nazaré é profética (Lc 1.26), pois o Cristo seria chamado de nazareno” (Mt 2.23). Lucas ainda enfatiza a virgindade da donzela e a descendência de José “da casa de Davi(Lc 1.27b). Essas informações integram as profecias messiânicas e tornam fidedigno o relato bíblico (Is 7.14; Sl 89.3,4).

2. A miraculosa concepção. O anjo Gabriel explica a Maria que a concepção seria singular e miraculosa: descerá sobre ti o Espírito Santo(Lc 1.35a) e, por isso, declara que o menino, o Santo, [] será chamado Filho de Deus(Lc 1.35b). A jovem não pediu sinal algum, mas o anjo lhe comunica da gravidez de Isabel como um incentivo à sua fé: tua prima, concebeu um filho em sua velhice(Lc 1.36a). O testemunho das Escrituras de mulheres estéreis que ficaram grávidas preparou o mundo para crer e receber o milagre da concepção de Jesus por meio de uma virgem. A respeito dessa realidade, o anjo endossa ao se referir à gestação de Isabel: “é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril” (Lc 1.36b). Ao finalizar a mensagem, Gabriel completa: porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37).

3. A bênção do nascimento. A vida gerada no ventre de uma mulher é um milagre (Ec 11.5), pois Deus dotou o ser humano com a dádiva da procriação (Gn 1.28). Por isso, o nascimento de filhos é uma recompensa divina (Sl 127.3). Contudo, sem o dom da fertilidade, um ventre estéril torna-se obstáculo para a vivência da maternidade (Gn 30.1,2). Assim, a relevância da gestação e a sacralidade da vida no ventre da mãe são endossadas quando a Bíblia registra a gravidez miraculosa de Maria e de Isabel; uma virgem e outra de idade avançada (Lc 1.34,36). Isabel trazia João no seu ventre, que nasceu com o objetivo de preparar ao Senhor um povo bem-disposto (Lc 1.15-17). Maria portava em seu ventre o Filho do Altíssimo, o Rei eterno (Lc 132,33), que nasceu para ser o Salvador, que é Cristo, o Senhor (Lc 2.11).


 

II. A CULTURA DA MORTE

 

1. O projeto ideológico. A cultura da morte é um conjunto de ideias que visa modificar o conceito bíblico da vida. Entre suas pautas estão a legalização do aborto e da eutanásia, apologia ao suicídio e o controle da natalidade. Mediante estratégias culturais, intelectuais e políticas, impõe-se uma agenda de desconstrução da sacralidade da vida, algo caro à cultura cristã, como vimos no tópico anterior (cf. Lc 1.31). Nesse sentido, estimula-se a eugenia: o descarte do ser humano com alguma má formação ainda no útero materno; a maternidade é depreciada a fim de que a mulher não deseje ser mãe; o conceito de saúde reprodutiva é modificado para justificar o aborto como medida de saúde feminina; o direito à vida no útero é substituído pelo direito incondicional da mulher sobre o próprio corpo, que por meio do aborto decreta a morte do fruto de seu ventre.

2. O direito sobre o corpo. A cultura pós-moderna insiste que é direito do ser humano exercer autonomia sobre o próprio corpo. Essa ideia é de liberdade total ao controle individual sobre a constituição física e o comportamento humano. O slogan meu corpo, minhas regras” é utilizado em defesa das liberdades sexuais e reprodutivas, bem como para a escolha de vida ou de morte. Nessa percepção estão os direitos” à prostituição, ao aborto, à eutanásia, ao suicídio e outros. Qualquer opinião contrária é considerada violação da liberdade humana. Nesse quesito, as Escrituras asseveram que o corpo deve ser nutrido e respeitado (Ef 5.28,29); que embora livre, o ser humano não tem o direito de profanar o seu corpo (1Co 6.13); e que a vida só tem sentido quando está sob o domínio de Cristo (Gl 2.20).

3. A prática do aborto. O aborto é a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do feto, é o ato de descontinuar a gestação do ser vivo. O termo gestação vem do latim gestacionee se refere ao tempo em que o embrião fica no útero, desde a concepção até o nascimento. Nesse caso, o aborto pode ser não intencional ou provocado no período de gestação. Na lei mosaica, provocar a interrupção da gravidez da mulher era um ato criminoso (Êx 21.22,23). No sexto mandamento, o homem é proibido de matar, o que significa literalmente não assassinar” (Êx 20.13). Os intérpretes do Decálogo concordam que a proibição do aborto está incluída neste mandamento. Assim, quem mata um embrião ou feto atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no ventre materno.


 

III. A SACRALIDADE DA VIDA

 

1. A vida é inviolável. A vida humana é sagrada, pois ela é um ato criativo de Deus, o autor e a fonte originária do fôlego da vida (Gn 2.7; Jó 12.10). Nessa perspectiva, o princípio de sacralidade assegura a dignidade da pessoa humana e a inviolabilidade do direito à vida (Sl 36.9; 90.12). Portanto, o valor da vida é absoluto e deve se sobrepor a qualquer outro direito ou interesse (Jo 10.10). Nesse aspecto, o princípio de defesa da vida humana, desde a concepção no útero materno, não pode conter exceções. Somente Deus tem poder sobre a vida e a morte (1Sm 2.6). Em uma sociedade secularizada, o cristão precisa tomar cuidado com o relativismo, não fazer concessões e estar alerta quanto às ações de manipulação de sua consciência e o desrespeito à vida humana (2Co 4.2; 1Tm 4.1,2).

2. O começo da vida. As Escrituras são incisivas ao afirmarem o início da vida desde a concepção: o profeta Jeremias afirma que a vida tem início na fecundação (Jr 1.5); o rei Davi corrobora que a pessoa é conhecida e cuidada pelo Senhor desde a concepção (Sl 139.13); Deus é quem forma o ser vivo dentro do ventre da mãe (Sl 139.14). Ainda, o salmista afirma que Deus vê o embrião ainda informe e o ama em todos os processos formativos da vida intrauterina, desde a fecundação até o nascimento e por toda a sua vida (Sl 139.15,16). Por conseguinte, de acordo com as Escrituras, a vida começa quando ocorre a união do gameta masculino ao feminino. Essa nova célula é um ser humano e possui identidade própria e, portanto, o seu direito de nascer não pode ser interrompido por vontade, desejos ou caprichos humanos (Dt 32.39; Rm 9.20).

3. A posição cristã. A igreja que mantém o princípio teológico da autoridade bíblica (2Tm 3.16) defende a dignidade humana e a inviolabilidade da vida desde a sua concepção. Ensina que a vida humana é sagrada em todas as etapas do desenvolvimento da vida e que não pode ser violada por nenhum tipo de cultura (1Sm 2.6). Ratifica que toda ideologia que seculariza os princípios bíblicos deve ser combatida (2Tm 3.8).


  

CONCLUSÃO

 

A gestação e a procriação do ser humano são bênçãos divinas (Gn 9.7). A concepção de Cristo no ventre de uma virgem certifica a sacralidade da vida intrauterina. A interrupção da vida em qualquer fase da gravidez é uma agressão ao direto inviolável de nascer. A valorização da dignidade humana, o direito à vida e o cuidado à pessoa vulnerável são princípios imutáveis do cristianismo bíblico (Jo 10.10). Acerca do assunto, a Bíblia assegura que Deus é o autor e o detentor da vida humana (Jó 12.10).