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Ministração 2. Como viveremos na Babilônia

TEXTO CENTRAL

 

Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar; e orai por ela ao SENHOR, porque, na sua paz, vós tereis paz.” (Jr 29.7).

 

PRÁTICAS PARA A VIDA

 

O crente fiel pode habitar na Babilônia, mas a cultura da Babilônia não pode ter domínio sobre ele.

  

OBJETIVOS

 

         APRESENTAR a chegada dos jovens hebreus na Babilônia;

         CONHECER as características da imponente cidade;

         IDENTIFICAR a cultura e o espírito da Babilônia;

         COMPREENDER como viver e testemunhar na Babilônia.

  

TEXTO BÍBLICO

 

Daniel 1.1-3.

 

1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.

2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da Casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pós os utensílios na casa do tesouro do seu deus.

3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres.

 

INTRODUÇÃO

 

Ao chegarem à Babilônia, os jovens hebreus se depararam com um mundo novo e uma cultura completamente distinta de sua terra natal. A civilização babilônica, desenvolvida na região da Mesopotâmia, destacava-se em diversas áreas, ficando famosa por ter estabelecido a primeira legislação escrita, conhecida como Código de Hamurabi. No entanto, era dominada pelo paganismo e pela imoralidade, por isso é um símbolo bíblico de um sistema reprovável diante de Deus, Dentro desse ambiente, repleto de desafios culturais e morais, como Daniel e seus amigos deveriam viver? A presente lição nos permitirá compreender que a maneira como eles encaravam a cidade, mantendo-se fiéis aos princípios que aprenderam em Judá, desempenhou um papel fundamental na construção de um testemunho sólido ao longo de sua jornada no exílio.

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I.    A CHEGADA DE DANIEL E SEUS AMIGOS NA BABILÔNIA

 

 1. Deportados para uma terra estranha. Os judeus foram deportados para o exílio babilônio em três levas (605, 597 e 586 a.C.). No primeiro grupo estavam alguns israelitas de origem nobre. Usando uma estratégia comum na antiguidade, o objetivo de Nabucodonosor era treiná-los para ocuparem posições importantes e servirem ao reino dos conquistadores. Dentre os requisitos, esses rapazes deveriam ser sem nenhum defeito, de boa aparência, sábios, instruídos, versados no conhecimento e que fossem competentes para servirem no palácio real(Dn 1.4). Em outras palavras, eles haviam de ser fisicamente saudáveis, esteticamente bonitos e intelectualmente inteligentes; e também dotados de cultura geral e de sabedoria prática para a vida no palácio. Que lista de qualidades!

 

2. O jovem Daniel e seus companheiros. Daniel fazia parte desse grupo, juntamente com Hananias, Misael e Azarias. Daniel descendia de uma família da aristocracia, talvez até mesmo pertencesse à linhagem real de Judá. Nessa época, tinha provavelmente entre quatorze e dezoito anos de idade. Você pode imaginar o que se passava na cabeça desses jovens? Eles estavam cheios de virtudes e sonhos, com grandes expectativas sobre o futuro em Jerusalém, e agora foram arrancados abruptamente da comodidade do lar. De uma hora para outra suas vidas mudaram de percurso. Ainda que fossem piedosos e tementes a Deus, tiveram de enfrentar o sofrimento e a vergonha de serem levados como escravos de um rei ambicioso e cruel A terra natal havia sido devastada, os muros derrubados, o Templo destruído, amigos e familiares assassinados por ocasião da invasão (2Cr 36.6-20; Lm 5). Todavia, não deixaram se abater pelas circunstâncias da sua vida, pois sabiam que tudo decorria da benevolência de Deus.

 

3. O sofrimento do justo. A história de Daniel e seus amigos nos faz recordar que os justos podem passar por provações. O sofrimento é uma parte comum da experiência humana e não poupa aqueles que temem ao Senhor (Ec 9.2). No Novo Testamento, Paulo e Tiago expressam essa verdade (Rm 5.3,4; Tg 1.2,3). Foi com fundamento nesse tipo de entendimento que Daniel e seus amigos não ousaram reclamar de Deus. Não buscaram vingança ou retaliação, mas procuraram ser canal de bênção onde se encontravam. Embora novos, tinham a mente madura o suficiente para não adotarem uma postura de amargura e vitimismo.

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II. A IMPONENTE BABILÔNIA

 

 1. A capital imponente. Babilônia, localizada às margens do rio Eufrates, era uma cidade-estado rica e servia como um importante centro comercial entre o Oriente e o Ocidente. Os jovens possivelmente ficaram admirados com a sua grandiosidade, a maior da época, distante cerca de 1.500 quilômetros de Jerusalém. Era uma metrópole impressionante, conhecida por sua suntuosa arquitetura. A cidade era cercada por uma forte e extensa muralha com milhares de torres. A sua cultura, como a atual, era orientada a imagens e à estética. A cidade se fazia conhecer por seus luxuosos palácios reais e obras de arte, pátios e jardins, dentre os quais os jardins suspensos, assim reconhecidos como uma das sete maravilhas do Mundo Antigo. Era fácil alguém ser seduzido por seu luxo e opulência, como ocorre com a mídia hodierna.

 

2. A ostentação da cidade. Toda a exuberância das obras arquitetônicas era uma forma de representar o poder do Império. Nabucodonosor queria ostentar sua força e riqueza por meio de coisas materiais e de suas realizações, relembrando a fundação original da cidade (Gn 11.1-9). Os descendentes de Noé pretendiam construir uma cidade com uma torre tão alta que alcançaria o céu, usando tijolos e betume, uma espécie de piche. Além de não terem consultado ao Senhor, o propósito era a fama e a falsa sensação de segurança sem Deus. Os homens usaram toda inteligência que possuíam e a engenharia da época para construir um edifício simplesmente para a sua própria glória. Deus, porém, não se agradou do empreendimento e, por isso, confundiu as línguas e os espalhou pela terra, dando à cidade o nome de Babel.

 

3. Uma cultura pagã. Os babilônios atribuíam grande importância à sua religião. Acreditavam que os deuses governavam todos os aspectos da vida, desde os assuntos cotidianos até os eventos cósmicos. Marduque, o seu principal deus, era considerado o patrono da Babilônia. Uma das principais portas da cidade era dedicada a Ishtar, a deusa da fertilidade, do amor e da guerra. Havia um templo dedicado ao seu culto. A Bíblia apresenta Babilônia por meio de suas características de idolatria e prostituição espiritual (Na 3.4; Is 23.15; Jr 2.20). A atmosfera da cidade era impregnada pelo paganismo e politeísmo.

 

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III. A CULTURA E O ESPÍRITO DA BABILÔNIA

 

 1. mbolo de oposição aos valores divinos. Biblicamente, Babilônia é tanto um lugar geográfico, quanto a representação de um sistema reprovável diante de Deus e seus valores espirituais e morais (Ap 14.8; 17.1,2; 18.2,3). Ainda hoje, o espírito e a cultura da Babilônia permeiam a sociedade, simbolizando rebelião e ideologias mundanas que confrontam a verdade divina. Ela é uma metáfora para a idolatria, paganismo e toda falsidade religiosa, bem como símbolo da degeneração moral, inversão de valores, depravação e materialismo presentes nos sistemas político, cultural, midiático e econômico.

 

2. A relativização da verdade. A principal característica da cultura da Babilônia, com todos os seus reflexos, é a destruição da noção de uma verdade absoluta. Essa foi uma das táticas de Nabucodonosor, conforme sua religiosidade e visão de mundo. John Lennox, na obra Contra a Correnteza (CPAD), cita o fato de o monarca ter levado os utensílios do Templo em Jerusalém para a casa do tesouro das suas divindades na Babilônia (Dn 1.2). Para os hebreus os objetos de ouro possuíam enorme valor espiritual Feitos por artesãos que amavam a Deus, representavam uma relação do povo com o Senhor, e apontavam para a sua santidade e glória. Contudo, ao serem transportados para a Babilônia, tais utensílios passaram a representar somente uma conquista de guerra, da mesma forma que qualquer outro artefato. Os símbolos projetados para indicar o único e verdadeiro Deus, o Criador do céu e da terra, foram postos no mesmo nível de símbolos de culto de outros deuses. Assim como Nabucodonosor estava rebaixando os valores e referenciais divinos absolutos, a sociedade pós-moderna tem transformado os tesouros espirituais em coisas sem valor divino, dentro do mercado religioso.

 

3. A religião que conduz à imoralidade. As falsas religiões, ao perverterem a verdade, são capazes de destruir valores, conduzindo seus adeptos ou seguidores a um estilo de vida depravado. Essa verdade levou o apóstolo Pedro a advertir os cristãos sobre os perigos dos falsos ensinamentos baseados em heresias de perdição, pois levam à imoralidade e a outros desvios de conduta (2Pe 2.13,14). Atualmente, é possível perceber a volta do paganismo em novas roupagens, mais modernas e descoladas, ganhando espaço em filmes, séries, desenhos e jogos. É preciso cuidado com o conteúdo que você consome, pois as nuances desses falsos deuses antigos continuam presentes no mundo de hoje!

 

IV. VIVENDO E TESTEMUNHANDO NA BABILÔNIA

 

 1. Uma cidade para se testemunhar. Por qual razão Daniel e seus amigos adotaram uma postura de serviço e responsabilidade dentro de uma cidade estrangeira? Porque eles viveram dentro da Babilônia, mas não deixaram a Babilônia viver dentro deles! Aqueles moços conheciam as admoestações do Senhor por meio de Jeremias, sobre como os judeus deveriam viver na terra para onde seriam transportados (Jr 29.5-7). Eles deveriam constituir família, multiplicarem-se e buscar a paz e a prosperidade da cidade. Deus estava dizendo que enquanto estivessem exilados teriam uma vida normal e produtiva. Foram instruídos a dar bom testemunho e a contribuírem para o bem de toda a sociedade, não somente do seu próprio povo.

 

2. Testemunhando no mundo. Enquanto lugar geográfico, Babilônia é uma cidade que representa a vida do cristão na sociedade. Vivemos em um mundo caído, dominado pelo pecado. Ainda assim, somos chamados a ter uma presença santa, fiel e abençoadora. A igreja eleita do Senhor também está na Babilônia (1Pe 5.13), sem se deixar ser dominada por ela. Afinal, embora o discípulo de Cristo tenha a cidadania celestial (Fp 3.2), vivemos como forasteiros nesta terra (1Pe 2.11). Faz parte da responsabilidade do cristão zelar pelo desenvolvimento social, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13), e mordomos de Deus (Gn 1.26), pois Cristo é soberano sobre toda a criação (Cl 1.15-19; 1Co 1.26).

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CONCLUSÃO

 

Os jovens hebreus tinham conhecimento da maneira como deveriam se portar no exílio. Em vez de buscar rebelião e vingança contra os captores, eles deveriam viver normalmente na cidade, buscando a sua paz e prosperidade. Como aqueles jovens, vivemos exilados em um mundo, que embora tenha sido criado por Deus, está sujeito aos efeitos do pecado. Assim como Daniel e seus amigos, somos chamados a viver neste mundo, dando testemunho do nosso compromisso com princípios sólidos, mesmo quando confrontados com dilemas morais e pressões externas.