TEXTO
CENTRAL
“Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela
lei vem o conhecimento do pecado.” (Rm 3.20).
PRÁTICAS PARA A VIDA
O pecado de Adão arruinou
toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode regenerar eficazmente o pecador.
LEITURA
BÍBLICA
Romanos 3.9-20.
9 — Pois quê? Somos nós mais excelentes? De
maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que,
tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 — como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
11 — Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.
12 — Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não
há quem faça o bem, não
há nem um só.
13 — A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides
está debaixo de seus lábios;
14 — cuja boca está cheia de maldição e
amargura.
15 — Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
16 — Em seus caminhos há destruição e miséria;
17 — e não
conheceram o caminho da paz.
18 — Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19 — Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo
da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 — Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela
lei vem o conhecimento do pecado.
INTRODUÇÃO
A Queda no Éden transmitiu à humanidade a inclinação do coração humano ao erro. Por
isso, a regeneração é o único meio possível de desfazer as consequências do pecado em que a natureza humana só pode ser transformada pela obra de Cristo (Tt 3.5,6). Não obstante, por influência de teologias modernas, a Doutrina do Pecado vem
sendo deturpada e enfraquecida. Esse processo abriu as portas para a normalização
do pecado em muitos lugares denominados cristãos. Nesta lição, vamos estudar o
perigo dessas teologias para a ortodoxia cristã.
I. O
ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA
PECAMINOSA
1. Definição de Pecado. Dentre os termos para “pecado”, destacamos o substantivo hebraico chatá, cuja raiz significa “errar o alvo” (Gn 4.7); e o seu
correspondente grego hamartia, que possui conotação de “erro moral” (2Pe 2.13,14). Assim, a Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei
de Deus (1Jo 3.4). A palavra abrange não apenas errar o alvo, mas
deliberadamente acertar o alvo errado. Trata-se de rebelião e desobediência contra Deus e a sua Palavra (1Sm 15.22,23). Além disso, o pecado afasta o
homem de Deus, fazendo-o pecar contra o próximo (1Jo 1.6,7) e por se
omitir em fazer o bem (Tg 4.17). Portanto, pecado é a condição do homem não regenerado e só pode ser expelido por meio do Novo Nascimento (Jo 3.3-7).
Essa reconciliação do homem com Deus só é possível em Cristo Jesus (2Co
5.19).
2. A universalidade do
Pecado. O ser humano foi criado em estado de inocência, sem pecado, perfeito (Ec 7.29) e dotado de
livre-arbítrio (Gn 2.16,17). Porém, o primeiro homem
escolheu desobedecer a Deus e a sua Queda corrompeu toda a humanidade (Gn
3.9-19). O pecado de Adão foi transmitido a toda raça humana (Rm 5.12). Assim, a partir da Queda, todos os
seres humanos nascem em pecado (Sl 51.5). Portanto, o pecado não é passado adiante meramente
pela força do mau exemplo, mas é um mal inerente à natureza humana (Rm 7.14-24). Em consequência disso, todo ser humano está debaixo da escravidão do pecado e da condenação da morte
(Rm 3.23; 6.23). Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser
eficazmente regenerada pela fé em Cristo (Rm 3.24; 2Co 5.17).
3. Corrupção Total. É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza humana (Rm
3.10-18). Nesse aspecto, a inclinação para fazer o errado é resultado do pecado (Gn
6.5; Rm 5.19). Por causa da Queda, todas as áreas de nosso ser foram corrompidas. Essa corrupção
impede o homem de tomar a iniciativa no processo de regeneração (Rm 8.7,8). Ele
só pode ser liberto do pecado
após o convencimento do Espírito (Jo 16.8). Sem essa ajuda divina ninguém pode ser transformado
(Tt 3.5), ou seja, o livre-arbítrio precisa ser
divinamente restaurado (Rm 2.4). Somente por meio da graça o homem recebe capacidade para crer, arrepender-se e
ser salvo (Rm 3.24,25). Dessa forma, a libertação do pecado não provém de nenhum esforço humano, mas é gratuita e divinamente ofertada (Rm 6.23; Ef 2.8,9).
II. AS TEOLOGIAS MODERNAS
1. Teologia do pecado
social. A tese do pecado social remonta aos concílios católicos de Medellín
(1968, Colômbia) e Puebla (1979,
México).
Essa tese defende que o pecado é algo que se constrói por meio de estruturas opressoras, tais como, a
pobreza, a injustiça e a desigualdade. Dessa
maneira, a redenção do pecado não se restringe ao aspecto espiritual, sendo
preciso tratar as questões sociais. O pecado deixa de ser tratado no nível da moral e passa a ser considerado no nível econômico e social. A mudança de ênfase do pecado original
(natureza humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a
responsabilidade moral do pecador. Então, deixa-se de enfatizar a causa para
explorar os sintomas (Mt 23.27,28). A partir daí, resolver as questões da ordem social é visto como solução para o problema do pecado. Naturalmente, essa é uma deturpação do ensino bíblico a respeito do pecado.
2. Teologia da libertação. A teologia da libertação tem afinidade com as ideias socialistas de Karl Marx.
Essa teoria busca “libertar” o oprimido das estruturas
opressoras da sociedade. Ela nasce na década de 1970 com Gustavo Gutiérrez (Peru) e Leonardo
Boff (Brasil). Para eles, o estudo teológico não deve estar centrado em doutrinas bíblicas para libertar o homem do pecado, mas na indignação
social para libertar o homem da injustiça social, econômica e cultural. Desse impulso surgem as teologias de
cunho emancipatório de gênero (transexualidade), de
sexualidade (homossexualidade) e de raça. Uma de suas vertentes é a Teologia da Missão Integral (TMI). O grande impacto dessas influências é que a fé cristã é reduzida a militância política socialista e
marxista. As pautas sociais e progressistas são disfarçadas pela roupagem de
Evangelho, postas acima dos valores morais do Reino de Deus. Então,
transforma-se o Evangelho em inconformismo, criticismo e assistencialismo (1Co
15.19; Fp 3.18-20).
3. Liberalismo teológico. Após a Reforma Protestante
(1517), floresce o liberalismo teológico, onde a razão é colocada acima da revelação divina. Como resultado disso,
a inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras são questionadas; os
milagres e o sobrenatural são considerados mitológicos; as doutrinas da fé são reinterpretadas e
ressignificadas. Troca-se a mensagem da salvação de arrependimento, confissão
de pecados e mudança de caráter por uma visão progressista que enfatiza a transformação
social pelo paradigma do marxismo. Assim, o pecado é relativizado, o ecumenismo
religioso é propagado e toda experiência espiritual é considerada válida. O ideário da teologia liberal é de oposição às antigas doutrinas bíblicas que se fundamentam na revelação das Escrituras
(2Tm 4.3).
III. A
NORMALIZAÇÃO DO
PECADO
1. Crise ética e moral. Em termos
gerais, os valores que regulam a conduta de uma pessoa denominam-se ética (1Pe 1.15) e a prática dessa conduta recebe o nome de moral. Nessa concepção,
a obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2). Porém, o conceito deturpado e
relativizado do pecado resulta em desvio e falha de caráter (2Tm 3.5). Desse modo, a sociedade deixa de ser
eticamente sólida e se torna moralmente desajustada (Hc 1.4). Dessa
crise de integridade irrompe ações
incompatíveis com a fé bíblica (Rm 2.21,22). Temas
progressistas violam a ética e a moral bíblicas e passam a ser
normalizados, tais como: a imoralidade sexual, o aborto e o uso de drogas ilícitas (1Sm 2.6; Rm 1.27; 1Co 6.15,19).
2. Imoralidade sexual. A
deturpação da doutrina do pecado favorece o avanço da imoralidade sexual (Rm 1.24). Em defesa da liberdade
de decisão sobre o corpo, banaliza-se o sexo pré-conjugal, extraconjugal,
normaliza-se a homossexualidade (Rm 1.26,27) e a doutrina da castidade é vista como opressora (Rm
6.12). Nesse aspecto, o afrouxamento da moral, o ensino da ideologia de gênero e a erotização
da infância promovem luxúria e licenciosidade. O pecado é tolerado, a família é desconstruída e a doutrina da
santidade é negligenciada (Hb 13.4).
3. A dessacralização da
vida. As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem origem
divina (Gn 1.27). Por conseguinte, a vida é inviolável e deve ser valorizada (2Pe 1.3). O corpo humano deve
ser cuidado, alimentado e preservado (Ef 5.29). Não obstante, a vulgarização do
pecado fomenta ideologias que desprezam a sacralidade e a dignidade humana.
Propala-se a autonomia incondicional sobre o próprio corpo sem as devidas
limitações éticas e morais. O slogan “meu corpo, minhas regras” reivindica o pseudodireito de a pessoa usar drogas, prostituir-se,
abortar, cometer o suicídio e a eutanásia. Assim, o corpo que é templo do Espírito Santo é profanado (1Co 6.19). A criatura, de modo proposital,
afronta a vontade do Criador (Rm 1.25).
CONCLUSÃO
A relativização do pecado que o
restringe à solução de pautas sociais em
prejuízo da moral e, por sua
vez, o exclusivismo moral em detrimento de causas sociais, igualmente, não
retratam a fé cristã. Apesar de a Igreja não
ser apolítica e nem insensível às desigualdades sociais, o
mal primário a ser combatido é o pecado inerente à natureza humana. Uma vez regenerado pela fé em Cristo, o crente
repudia as injustiças contra o seu próximo (Rm 1.18; 1Co 13.6).
A Igreja atuante é aquela que ainda milita na terra contra a carne, o mundo,
o Diabo, o pecado e a morte (Ef 6.12).