TEXTO
CENTRAL
“E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que
trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres.” (Dn
1.3).
PRÁTICAS
PARA A VIDA
Daniel é um exemplo inspirador de fidelidade em uma cultura
hostil.
OBJETIVOS
•
ENTENDER o panorama geral do livro de Daniel;
•
COMPREENDER o contexto histórico da vida do profeta;
•
REFLETIR a respeito da chegada dos jovens hebreus na Babilônia.
TEXTO
BÍBLICO
Daniel 1.5-14.
5 — E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do
manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do
rei.
6 — E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
7 — E o chefe dos eunucos lhes
pôs outros nomes, a saber: a
Daniel pôs o de Beltessazar, e a
Hananias o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego.
8 — E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o
vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não
se contaminar.
9 — Ora, deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
10 — E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu
senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que veria
ele os vossos rostos mais tristes do que os jovens que são vosso iguais? Assim,
arriscareis a minha cabeça para com o rei.
11 — Então, disse Daniel ao
despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 — Experimenta, peço-te, os teus servos dez
dias, fazendo que se nos deem legumes a comer e água a beber.
13 — Então, se examine diante de
ti a nossa aparência e a aparência dos jovens que comem a porção do manjar do rei, e,
conforme vires, te hajas com os teus servos.
14 — E ele conveio nisso e os experimentou dez dias.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, teremos o
privilégio
de nos aprofundar nos estudos do Livro de Daniel. Considerado o “Apocalipse do Antigo
Testamento”, em virtude das revelações
e visões escatológicas que o Senhor deu ao
profeta, Daniel é um livro histórico e profético. Ele abrange o período no qual os israelitas estiveram exilados na Babilônia, destacando as experiências marcantes e desafiadoras de Daniel e seus amigos em
terra estrangeira.
Ao percorrermos os seus 12
capítulos, seremos conduzidos
a uma compreensão mais profunda da relevância e urgência da mensagem de Daniel para os nossos dias. Daniel é um exemplo inspirador para
os cristãos em geral e os jovens em particular. Seu testemunho de vida nos
encoraja a enfrentar as adversidades e a cultura secularizada, pluralista e
neopagã que predomina na sociedade
ocidental contemporânea. É um
modelo de líder levantado por Deus
numa cultura hostil.
Na primeira lição, teremos
uma visão panorâmica do livro e do seu contexto, e o início da vida dos jovens hebreus no cativeiro babilônico.
I.
O LIVRO DE DANIEL
1. Panorama geral. Os 12 capítulos do Livro de Daniel percorrem um longo período histórico que começa com a primeira invasão babilônica ao Reino de Judá (605 a.C.), até a queda da Babilônia diante de Ciro da Pérsia (536 a.C.). O livro
narra a trajetória de Daniel e de seus amigos, destacando os desafios
culturais, políticos, morais e
espirituais que eles suportaram em terra estrangeira. Ao longo de todo esse
tempo, o profeta viveu e serviu com fidelidade a Deus perante as cortes
imperiais, desde a juventude até a sua velhice. Também registra as mensagens proféticas que o Senhor lhe
revelou, inclusive interpretações de sonhos, visões de animais simbólicos e uma visão
detalhada dos eventos escatológicos. Por isso, o livro é chamado de “Apocalipse do Antigo
Testamento”.
2. Autoria e
mensagem. É dominante entre estudiosos judeus e cristãos que o autor deste
livro é o próprio Daniel, conforme
atestam as evidências internas (Dn
8.15,27; 9.2; 10.2) e a referência de Jesus ao profeta
(Mt 24.15). Os seus registros históricos revelam um período crucial e angustiante
para os israelitas, no qual viveram exilados em meio a uma cultura diferente e
hostil. O seu conteúdo vibrante compõe uma mensagem repleta de significados e ensinamentos.
Destaca a necessidade de o crente manter a fé inabalável em momentos de adversidades e nos recorda de que
podemos ser íntegros em qualquer
ambiente. Mostra que Deus é soberano e o Senhor da história, pois o reino, o domínio e a majestade dos reinos lhe pertencem (Dn 7.27).
3. Estrutura e
peculiaridades. Por se tratar de um documento histórico, e ao mesmo tempo,
profético,
é possível dividir o livro em duas seções que formam um todo
perfeito. Na primeira parte (capítulos
1 a 6), são narrados os fatos e as
experiências importantes na vida
de Daniel dentro da Babilônia. Na segunda (capítulos 7 a 12), estão as visões e as mensagens proféticas, que revelam
acontecimentos dos séculos seguintes e até o tempo do fim. Uma das
peculiaridades do Livro de Daniel é que, embora seja considerado um profeta, Daniel não
profetizou diretamente ao povo, como outros profetas do Antigo Testamento. Em
vez disso, ele serviu como um conselheiro e intérprete de sonhos e visões
para reis e governantes da Babilônia. Outra característica notável deste livro é o uso de duas línguas diferentes. A maior parte, do capítulo 2 ao capítulo
7, está escrita em aramaico. Os
capítulos 1 e 8 até o final do livro são
escritos em hebraico. Essa mudança
de língua reflete a natureza do
livro, que abrange eventos ocorridos na Babilônia e profecias relacionadas a Israel.
II.
COMPREENDENDO O CONTEXTO
1. O contexto histórico. No pano de fundo
histórico dos primeiros capítulos do Livro de Daniel, há um cenário de agitação e
instabilidade decorrente da disputa pelo predomínio político na região. Em 605 a.C., após derrotar o Faraó Neco do Egito, na Batalha de Carquemis (Jr 46.2), a Babilônia estava se consolidando como grande potência mundial. Liderada por Nabucodonosor, o exército babilônico invadiu e sitiou Jerusalém no terceiro ano do
reinado de Jeoaquim (2Rs 24.1-6). Era o início das invasões babilônicas ao Reino de Judá e sua capital. Posteriormente, em duas outras oportunidades,
a cidade voltou a ser invadida: em 597 a.C. (2Rs 24.10-14), e a terceira, a
maior de todas elas, em 586 a.C., ocasião em que a cidade foi arrasada e o
Templo, destruído.
2. Um rei ímpio. Jeoaquim era filho de Josias e sucedeu seu pai como
rei de Judá aos vinte e cinco anos de
idade (2Rs 23.36). Foi um rei ímpio
que não andou nos caminhos do Senhor. O
profeta Jeremias proclamou a mensagem de Deus, alertando Jeoaquim e o povo de
Judá sobre a vinda do juízo divino devido à idolatria e à injustiça. Ele exortou o rei e o
povo a se arrependerem e a se voltarem para Deus. Jeoaquim não apenas rejeitou
as palavras do profeta, mas também queimou o rolo no qual a Palavra de Deus estava escrita
(Jr 36.20-26).
3. Deus castiga seu
povo. Israel havia virado as costas para Deus. Em vez de arrependimento, os líderes e a nação endureceram o coração para não seguirem
os seus estatutos (2Cr 36.14). Por essa razão, o Senhor estava disciplinando o
povo da promessa, ao permitir o seu cativeiro e a destruição da cidade. O
profeta Daniel é enfático ao escrever que foi o Senhor que entregou o rei de
Judá nas mãos de Nabucodonosor
e permitiu que os utensílios do Templo fossem
saqueados e profanados. O Senhor corrige quem Ele ama (Hb 12.6) e toda a história está sob o seu controle. Ele é soberano sobre todas as
coisas e até mesmo os ímpios podem ser usados
para cumprir a sua vontade!
III. A
RELEVÂNCIA DO LIVRO DE DANIEL
PARA OS NOSSOS DIAS
1. Um livro para todas as épocas. Olhando para a
jornada íntegra deste jovem hebreu
até a sua
velhice, chegamos à conclusão de que o Livro de Daniel é para todas as épocas. Retirado à força de sua casa, quando
ainda tinha cerca de quatorze anos, Daniel foi conduzido até uma terra estrangeira.
Dentro de uma cultura hostil, cercado por inimigos, enfrentou diversos ataques
e desafios ao longo de sua trajetória. Esteve exilado por mais de setenta anos até o fim da vida. Enfrentou
conspirações, mudanças culturais e políticas, sendo pressionado de diversas formas, mas não
negando a sua fé. Embora centenas de anos tenham se passado desde a sua época, sua trajetória é um exemplo inspirador para
os dias em que estamos vivendo. O Livro de Daniel, por ser a Palavra de Deus,
continua atual e a sua mensagem urge para esse tempo. A história de Daniel pode ser a
nossa história!
2. Um mundo
transtornado. O período do profeta foi um dos
mais turbulentos em termos de mudanças geopolíticas na região do Oriente Médio e no Mundo Antigo. Ele
viveu em um mundo cujas características se repetem hoje:
a) Mundo frágil e cheio de incertezas.
Estudiosos têm caracterizado o período recente, principalmente pós-pandemia, como um mundo
frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. A Babilônia era palco das transformações e agitações globais da
sua época.
Daniel viu impérios desmoronarem e reis caírem, enquanto as pessoas sobreviviam com expectativas
aterrorizantes. A sua trajetória irá nos ensinar a encontrar
resistência e coragem em dias
ruins além de esperança numa época de desespero.
b) Mundo com constante
transição de poder. Daniel serviu nos impérios babilônico e medo-persa com a
mesma fé e
fidelidade. Nenhum soberano o fez mudar suas convicções, tampouco o poder o
seduziu. Com ele, somos lembrados de que os reis, presidentes e governantes
desta terra passam, mas o Senhor permanece para sempre. Não importa quem esteja
no poder político, o cristão mantém sua esperança sempre em Deus.
c) Mundo de conflitos e
violência. Daniel viu de perto
os horrores da destruição provocada pelas guerras entre nações e sentiu na pele
o sofrimento decorrente do exílio. Semelhantemente, o
mundo contemporâneo continua a ser palco
de conflitos internos e internacionais, ações terroristas e violências de todas as formas, provocando dor e migração forçada. Isso nos faz recordar das pessoas que se encontram
nessas situações, que precisam da nossa oração, apoio e busca por soluções.
d) Mundo hostil aos
valores judaico-cristãos. É possível traçar um paralelo da época de Daniel com o
panorama da cultura contemporânea, essencialmente hostil
à visão de mundo judaico-cristã.
Da mesma forma que aquele jovem hebreu foi pressionado a abandonar sua crença em razão das pressões culturais e religiosas dentro da
Babilônia, os cristãos de hoje
estão enfrentando ataques severos da cultura anticristã, a exemplo do
Relativismo e do Secularismo, dentre outras correntes filosóficas. Como veremos no
decorrer do trimestre, o Livro de Daniel nos ensinará a ter sabedoria e inteligência espiritual para combater as estratégias do Inimigo no tempo
presente.
3. Devoção e
testemunho público. A inspiração do
Livro de Daniel vai além da devoção pessoal. O seu testemunho nos mostra que a
sua convicção não estava confinada ao
ambiente privado, preferindo enfrentar os leões a renunciar uma confissão pública da fé. Ele é um grande exemplo bíblico de como podemos usar
a sabedoria e o conhecimento de Deus para testificar em diversos lugares da
sociedade.
CONCLUSÃO
O livro de Daniel possui
uma mensagem singular para a Igreja na atualidade. A sua vida na Babilônia é um exemplo de coragem, fé e integridade diante de
circunstâncias adversas. Ele nos
ensina a confiar em Deus em todas as situações e a buscar a sua vontade para a
nossa vida.