TEXTO
CENTRAL
“E, na sua testa, estava escrito o nome: Mistério, a Grande Babilônia, a
Mãe das
Prostituições e Abominações da
Terra.” (Ap 17.5).
PRÁTICAS PARA A VIDA
A igreja deve resistir ao “espírito
da Babilônia” presente no cenário atual. Isso deve ser feito por meio do compromisso
inegociável com a autoridade da Palavra
de Deus.
LEITURA
BÍBLICA
Apocalipse 17.1-6.
1 — E veio um dos sete anjos
que tinham as sete taças e falou comigo,
dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas,
2 — com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se
embebedaram com o vinho da sua prostituição.
3 — E levou-me em espírito a um deserto, e vi
uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, que estava cheia de
nomes de blasfêmia e tinha sete cabeças e dez chifres.
4 — E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, e pedras
preciosas, e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição.
5 — E, na sua testa, estava escrito o nome: Mistério, a Grande Babilônia, a
Mãe das
Prostituições e Abominações da
Terra.
6 — E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos
e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.
INTRODUÇÃO
O Apocalipse é a “Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1a) cujo propósito é mostrar “as coisas que brevemente
devem acontecer” (Ap 1.1b). Por ser de
natureza escatológica, o livro não é de fácil interpretação. Por isso, convém esclarecer que, nesta lição, não se pretende identificar
a babilônia literal nem listar os
eventos da Grande Tribulação. Nosso objetivo é alertar a Igreja acerca
dos aspectos gerais do “espírito da Babilônia” presente
no cenário global em que vivemos.
I. BABILÔNIA E SEUS SIGNIFICADOS
1. A Grande Prostituta. A
personagem é apresentada como a grande meretriz com a qual os reis da
terra se prostituíram (Ap 17.1,2). No texto
bíblico destacam-se três termos gregos: pórne (prostituta); pornéuo (prostituir-se); e porneia (prostituição). Na mensagem dos
profetas do Antigo Testamento, essas expressões apontam para a idolatria, isto é, a prostituição espiritual (Na 3.4; Is 23.15; Jr 2.20; Os 2.5). Em
Apocalipse, as muitas águas onde a prostituta se
assenta simboliza multidões seduzidas pela idolatria, paganismo e sua oposição a fé cristã (Ap 17.15). Assim, a
prostituta é identificada como uma das facetas da imoralidade e do
falso sistema religioso representado pelo “espírito da Babilônia” (Ap 14.8; 17.5).
2. A Mulher e a besta
Escarlata. A mulher montada sobre a Besta é a descrição da grande prostituta (Ap 17.3a). Ela se veste de púrpura e de escarlata (Ap 17.4a) o que significa reinado e
luxo (Mt 27.28; Mc 15.17; Lc 16.19). Ela também se adorna com ouro,
pedras preciosas e pérolas (Ap 17.4b) o que sinaliza o materialismo e o poder
econômico. O cálice em sua mão diz respeito as abominações e as imundícias da sua prostituição (Ap 17.4c), o que representa
toda a forma obscena e impura de contaminação moral e espiritual da sociedade.
A fera na qual a mulher está montada é a Besta que saiu do mar
(Ap 13.1). Trata-se do Anticristo que, pelo poder de Satanás, faz oposição a Jesus (2Ts 2.4,9,10). Ele profere blasfêmias em consciente repulsa ao senhorio de Cristo (Ap
13.6; 17.3b). Suas sete cabeças e dez chifres
simbolizam os poderes do mundo e a sua força política
(Ap 17.3c,10,12). A união entre o cavaleiro
(mulher) e a montaria (besta) simboliza a nefasta força dos sistemas religioso, econômico e político do “espírito
da Babilônia”.
3. Mistério: a Grande Babilônia. Na sequência da revelação, o
nome da prostituta é desvendado: “Mistério, a Grande Babilônia” (Ap 17.5a). O termo “mistério” indica que o nome “babilônia” não é meramente geográfico, mas simbólico. Babilônia é descrita como grande porque é poderosa e de vasto
alcance. Refere-se à “Mãe das Prostituições
e Abominações da Terra” (Ap 17.5b). Ela é a mentora de toda a rebelião
contra Deus e a consequente depravação da sociedade. Babilônia é a responsável pelo assassinato dos santos e das testemunhas de
Jesus (Ap 17.6a), simboliza o espírito de perseguição e a
desconstrução da fé bíblica. Não se trata apenas de uma cultura sem Deus, mas
de uma cultura contra Deus. Assim, o “espírito da Babilônia” é um
sistema global deliberadamente anticristão.
II. O ESPÍRITO DA BABILÔNIA
1. No sistema religioso. O
“espírito da Babilônia” faz
com que as pessoas sejam seduzidas pela “prostituição espiritual” (Ap 17.2). Nesse sentido, o culto ao ego torna o ser
humano amante de si mesmo, do dinheiro e dos deleites (2Tm 3.2-4). Além disso, o argumento de “liberdade” estimula a devassidão por meio do afrouxamento da moral
(2Pe 2.19); o ecumenismo doutrinário provoca a erosão da fé bíblica (Gl 1.6,8); o relativismo rejeita a doutrina dos apóstolos e a autoridade bíblica (2Tm 4.3); o humanismo reinterpreta e ressignifica
os mandamentos divinos (2Pe 3.16); o sincretismo mistura o sagrado e o profano
(2Co 6.16,17). Assim, tudo passa a ser permitido e a verdade é desconstruída (2Tm 3.7). Em consequência disso, a Igreja verdadeira é brutalmente perseguida (Mt
24.9).
2. No sistema político e cultural. O “espírito da Babilônia” exerce
forte influência na política e na cultura (Mt 13.38; 1Jo 5.19). Pautas
progressistas de inversão de valores são impostas em afronta à cultura cristã, tais como: apologia ao aborto, ideologia
de gênero, legalização das drogas e da prostituição (Is 5.20). Logo, o
patrulhamento ideológico estigmatiza
como “fundamentalista” quem ousa discordar dessas
pautas (Lc 6.22; 1Pe 4.4); há censura contra quem
defende os valores bíblicos (Lc 12.11,12; 1Tm
6.3-5); a grande mídia, as artes, a
literatura e a educação promovem o doutrinamento contrário à fé cristã (Jo 15.19). Coagida pelo “politicamente correto”, a sociedade assimila e defende a “nova cultura” (1Jo 4.5,6). Nesse
contexto, cristãos são perseguidos e julgados (Lc 21.16,17).
3. No sistema econômico. O Livro de Apocalipse registra o enriquecimento dos
mercadores por meio da exploração da luxúria e da licenciosidade do
“espírito da Babilônia” (Ap
18.3). Ele mostra como o comércio e o governo subornam os cidadãos por avareza,
dinheiro e poder (Mq 2.1-3; Ap 18.12,13); as pessoas são motivadas a levar
vantagem financeira, ilícita e imoral em prejuízo do próximo (Pv 16.29; Mq 3.11); a sociedade é extorquida em troca da
satisfação dos prazeres pecaminosos e consumismo desenfreado (Is 55.2; Lc
12.15). Nesse sentido, o materialismo, os deleites e a autossuficiência conduzem o ser humano a confiar no dinheiro (1Tm
6.9,10,17) e os que controlam a economia impõem embargos, tributos e multas em
desfavor do cidadão impotente (Tg 2.6,7; Ap 13.16,17).
III. A POSIÇÃO DA IGREJA DIANTE DO ESPÍRITO DA
BABILÔNIA
1. Não negociar a ortodoxia bíblica. A palavra ortodoxia vem do grego orthós que significa “correto” e da expressão dóxa, do verbo dokéo, com o sentido de “crer”. A junção
dos termos traz a ideia de “crença correta”. Nesse aspecto, a ortodoxia cristã tem a Bíblia Sagrada como a
suprema e inquestionável
árbitra em matéria de fé e prática.
Por conseguinte, a Igreja precisa reafirmar a verdade bíblica como valor universal e imutável (Sl 100.5; Mt 24.35). Assim, por meio do estudo bíblico, sistemático e doutrinário, torna-se possível capacitar o crente
para enfrentar o “espírito da Babilônia” e
suas ideologias contrárias aos valores absolutos
da fé cristã com mansidão, temor e boa consciência
(1Pe 3.15,16).
2. Formar o caráter de Cristo. O caráter cristão refere-se à nova vida, modo de pensar e agir daqueles que pertencem a
Cristo (Ef 4.22-30). Nesse aspecto, torna-se necessário enfatizar que é o Fruto do Espírito que desenvolve o caráter do salvo (Gl 5.22-25). Jesus ensinou que é pelo fruto que se conhece
uma árvore (Mt 12.33). Não por
acaso, o apóstolo Paulo observa que o melhor antídoto contra o veneno e o jugo do pecado é andar no Espírito (Gl 5.16,17). A falha na formação moral do caráter produz pseudocristãos escravizados pela carne (Jd
1.12,13). Portanto, a igreja que prima pelo estudo e aplicação da Palavra de
Deus produz crentes espiritualmente maduros, capazes de resistir o “espírito
da Babilônia” presente no cenário
global (Rm 8.35,38,39).
3. Aguardar a volta de
Cristo. A dispensação da graça termina com o Arrebatamento da Igreja, antes da Grande
Tribulação (1Co 15.51,52; 1Ts 1.10; 4.13-18; 5.9; 2Ts 2.6-10). Acerca dos
sinais que precedem a volta de Cristo, destacamos: a apostasia, a inversão de
valores, perseguição, guerras, fomes, pestes e terremotos (Mt 24.5-12,24; 1Tm
4.1; 2Tm 4.3). Diante desses eventos, o cristão é exortado a não viver
despercebido, mas a esperar o seu Senhor em oração e vigilância (Mc 13.33). Ainda,
requer-se do salvo, enquanto aguarda a bendita esperança, a
renúncia à impiedade, às paixões mundanas e a viver neste presente século uma vida de autodomínio, integridade e santidade (Tt 2.12,13).
CONCLUSÃO
Vivemos um período em que o “espírito da Babilônia” exerce
forte influência na sociedade global.
Suas ações buscam o completo domínio político,
econômico, cultural e religioso
em oposição aos valores da fé cristã. O avanço dessas ideologias aponta para a iminente volta de
Cristo (Lc 21.28). Nesse interlúdio, é dever da Igreja oferecer
resistência ao mal (2Ts 2.6,7),
ensinar a doutrina bíblica (Mt 28.20), formar o
caráter dos discípulos (Gl 4.19) e santificar-se para a vinda do Senhor
(Hb 12.14).